Foragida desde a manhã de quinta-feira, quando o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil deflagraram a Operação Depuração, a advogada Graziele da Silva Batista se entregou na sede do MP de Alvorada nesta sexta-feira. Ela é suspeita de participação no esquema de cobrança de propina para soltar presos.
Além da advogada, outras cinco pessoas são apontadas como integrantes da quadrilha. Quatro foram presos na quinta-feira, entre elas o delegado Eduardo Luiz Moraes, plantonista da Delegacia da Pronto Atendimento de Alvorada (DPPA), dois policiais da mesma delegacia e outro comparsa do grupo, suspeito de exigir valores de presos em flagrante. O ex-soldado da Brigada Militar Antônio Vergílio Fortes Martins é o único que segue foragido.
Graziele foi interrogada e encaminhada à Penitenciária de Guaíba para cumprir prisão preventiva. Como o caso corre em sigilo, o MP não dá detalhes do depoimento. ZH não conseguiu contato com o escritório da advogada.
Leia mais:
Família diz que funcionária do aeroporto foi assediada antes de ser morta
Criminosos usam fuzil, espingarda e pistolas em execução na Restinga
Com sete indiciados, polícia conclui inquérito de estupro coletivo no Rio
As investigações, iniciadas em maio deste ano, indicam que o grupo cobrava valores acima da fiança e se apropriavam do excedente. O ex-PM e a advogada ficavam do lado de fora da delegacia, fazendo o intermédio da cobrança junto aos familiares dos presos. A cada plantão, estima-se o lucro de R$ 2 mil a R$ 5 mil. São realizados em média dois plantões por semana.
Além disso, eles consultavam indevidamente o sistema restrito à segurança pública para verificar se determinado veículo poderia ser indevidamente restituído, clonado ou adulterado, bem como avisavam a terceiros sobre eventuais investigações policiais em andamento. Os fatos ocorreram na DPPA de Alvorada, pelo menos, entre março e junho de 2016.
Os crimes investigados são: concussão (exigência de indevido valor em razão da função pública), organização criminosa, violação de sigilo profissional e usurpação da função pública.
As penas poderão ser fixadas entre sete anos e seis meses a 23 anos de reclusão, além de multa e perda do cargo público. O MP também apura a ocorrência de atos de improbidade administrativa, o que poderá resultar aos investigados na fixação de multa, proibição de ser agente público e perda dos cargos.