Suspeito de ser o autor do tiro que matou o ex-secretário de Saúde de Porto Alegre Eliseu Santos, Eliseu Pompeu Gomes negou participação no crime. Ele depôs durante a sessão de julgamento do caso na manhã desta sexta-feira, na 1ª Vara do Júri da Capital.
Gomes alegou que roubava pneus na Rua Hoffmann, na noite de 26 de fevereiro de 2010, no momento em que houve o tiroteio que vitimou o político, e que também foi baleado. Por isso, segundo o réu, a perícia encontrou o seu sangue no local do crime.
O acusado respondeu às perguntas do juiz André Vorraber, mas se recusou a atender aos questionamentos dos promotores de Justiça. Gomes aguarda o julgamento preso na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, e soma 64 anos em condenações por assaltos, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma.
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Depois do depoimento, um fato inusitado suspendeu a sessão: o juiz abandonou o julgamento por cerca de quatro minutos em função de um bate-boca entre Ministério Público e Defensoria Pública. O magistrado só deu sequência aos trabalhos após o apaziguamento dos ânimos.
Outro acusado do assassinato, Fernando Junior Treib Krol, 27 anos, deu início ao depoimento na sequência e também negou qualquer participação. Ele teria sido baleado no crime, mas disse que o ferimento se originou em uma briga em um bar.
O julgamento da morte do ex-secretário foi retomado na manhã desta sexta-feira depois de oito horas de sessão no dia anterior, e deve se encerrar somente à noite. Com a conclusão dos depoimentos dos acusados, acusação e defesa terão direito a duas horas e meia de fala e, na sequência, mais duas horas de réplica e tréplica. Os jurados, então, serão chamados para responder a um questionário de 19 perguntas sobre o caso. Caso decidam que os réus são culpados, o juiz estabelece a pena. Se entenderem pela absolvição, o magistrado determina a soltura imediata dos suspeitos.
Gomes e Krol integram a lista de 13 réus no processo. A dupla responde a homicídio quadruplamente qualificado: motivo torpe, emprego de meio que resultou em perigo comum, emprego de meio que dificultou a defesa e garantia de impunidade de outros crimes. Também são acusados de receptação e adulteração de veículo roubado, fraude processual e formação de quadrilha. Gomes acumula, ainda, uma acusação por comunicação falsa de crime.
O assassinato de Eliseu Santos aconteceu na noite de 26 de fevereiro de 2010, no bairro Floresta, em Porto Alegre. O médico havia saído de um culto religioso na Rua Hoffmann, acompanhado da mulher e da filha, e foi atingido por dois tiros.
Investigação da Polícia Civil concluiu que o crime se tratava de um latrocínio. No entanto, o Ministério Público entendeu que o político fora vítima de um complô para matá-lo em função de um suposto esquema de corrupção na secretaria que envolveria uma empresa prestadora de serviços de vigilância para postos de saúde.