Mesmo atuando fora da regulamentação para esse tipo de estabelecimento, a comunidade terapêutica mantida pelo pastor Luiz Henrique Maia, o Índio, revelada como sendo de fachada em uma investigação da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, enganou as principais autoridades do município.
Em 2011, chegou a mobilizar o apoio da Câmara de Vereadores e até mesmo foi a entidade escolhida pelo Comando Regional da Brigada Militar para receber, naquele ano, doações em uma campanha do agasalho da corporação. Em julho daquele ano, supostamente enfrentando dificuldades para adaptar-se à legislação específica para comunidades terapêuticas, Índio foi ouvido na tribuna da Câmara.
- Nós sempre trabalhamos no anonimato, em prol dos dependentes químicos e servindo a Deus - explicou aos vereadores.
Quando referia-se à comunidade do Loteamento Kephas, onde estava instalada a comunidade terapêutica, Índio tratou logo de mostrar a sua importância local:
- Se disser que é amigo do Índio, ninguém vai mexer com vocês. Eu já enfrentei boca braba, traficante e estou lá lutando.
Dias depois do discurso, uma comissão de vereadores visitou o local. E o site da Câmara de Vereadores destacou o trabalho local como exemplar.
Índio mora em Novo Hamburgo desde 1999 e, evangélico, teria criado a sua própria igreja, a Nova Vida. Em 2003, criou a comunidade terapêutica em uma área de um hectare no Loteamento Kephas. Nessa sexta, 15 dependentes químicos foram encontrados pela polícia no local - 14 deles com antecedentes criminais. Mas o lugar já chegou a receber até 40 dependentes.
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- Não havia tratamento nenhum. O líder dessa quadrilha utilizava dessas pessoas para cumprirem as suas ordens no tráfico de drogas - afirma o delegado Enizaldo Plentz.
Segundo o delegado, alguns terrenos ao redor da comunidade já haviam sido grilados, aumentando a área original, que nunca foi regularizada. A última vistoria do Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) à comunidade aconteceu em 2013, e foi ordenado que fosse fechada.
O pastor responde por pelo menos quatro homicídios na região somente neste ano. Ele tem antecedente criminal por porte ilegal de arma.
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CONTRAPONTO
Em depoimento à polícia, Índio negou as acusações e ressaltou que a clínica era dele e funcionava para tratar dependentes químicos. Ele foi encaminhado ao Presídio Central.