A Polícia Civil apura a possibilidade de que os responsáveis pelo ataque com explosivos contra o Banco do Brasil em Guaporé, na madrugada deste sábado, seja a mesma quadrilha que explodiu outras agências neste ano na Serra. A região concentra cerca de 40% do total de investidas.
O bando também poderia estar por trás de explosões no sul de Santa Catarina. Informações da área de inteligência da BM indicam que o bando poderia estar sediado no Litoral Norte, e utilizaria as rodovias BR-101 e Rota do Sol, como vias de fuga.
Segundo delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos, diferenças sutis em relação a outros ataques intrigaram os agentes da delegacia especializada que estiveram no local durante a madrugada de sábado, ouvindo testemunhas e acompanhando o trabalho de peritos do Departamento de Criminalística.
- Diferentemente de outros ataques, por exemplo, o carro usado foi roubado em Passo Fundo (e não na Serra). O tipo de roupa também é diferente - comenta o delegado.
Passava das 2h, quando cinco homens armados com fuzis chegaram à cidade em um Palio Weekend. O bando invadiu a agência e explodiu a área de autoatendimento com uso de dinamite, danificando todo o interior da agência. Conforme o comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas, major Flávio Martins, os assaltantes renderam jovens que estavam nas proximidades para usá-los como escudo em frente à agência para evitar que a Brigada Militar tentasse frustrar o ataque. Quando a única guarnição da cidade naquele momento chegou ao local, os três PMs foram recebidos a tiros, mas não revidaram, conta o oficial. A agência do Banco do Brasil fica a 100 metros da praça central de Guaporé. Dezenas de pessoas estavam próximas do local e presenciaram a ação dos criminosos.
- Havia muita gente na praça, em bares e em uma boate que fica próxima do local. Agora (por volta das 3h) parece que meia cidade está em frente ao banco. É inacreditável o que aconteceu. Eles usaram muitos explosivos - contou à Rádio Gaúcha a moradora da cidade, Rita Rostirolla.
Fernanda Letícia Grando, que mora a poucas quadras do banco, acordou assustada com a explosão:
- Escutei um estouro bem forte, fui para a sacada e vi fumaça e os bandidos fugindo - contou.
Na fuga, os criminosos usaram miguelitos (pregos retorcidos) para parar a viatura, que acabou com pneus furados. Apesar de mobilizar guarnições do Vale do Taquari, Serra e Passo Fundo, a Brigada Militar não conseguiu encontrar os assaltantes que seguiram em direção à Arvorezinha. Enquanto o trio de PMs de Guaporé tentava voltar para o centro da cidade com a viatura avariada, dezenas de curiosos reviraram a agência.
- Quando a guarnição conseguiu retornar, o local foi isolado - explicou o oficial.
Este foi o 22º ataque a banco com explosivo no Rio Grande do Sul neste ano. O último ocorreu na madrugada do dia 6 de novembro em Canguçu, sul do Estado. A exemplo do ataque na Serra, o alvo foi uma agência do Banco do Brasil. A série de ataques a agências bancárias e caixas eletrônicos começou no dia 21 de janeiro, quando um caixa eletrônico do Itaú foi explodido Polo Petroquímico de Triunfo. O mês de março teve a maior incidência dos casos: foram seis, entre os dias 4 e 18.