Nos últimos seis anos, os agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) têm seguido várias pistas para encontrar o que se chama no jargão policial de "o tesouro do Seco". Um patrimônio estimado em R$ 2,5 milhões, investido em bens pelo assaltante de carros-fortes José Carlos dos Santos, 32 anos, conhecido como Seco - considerado o bandido número 1 do Rio Grande do Sul entre os anos 2002 e 2006.
Seco está sentando nos bancos dos réus em júri que ocorre nesta quinta-feira em Teutônia, cidade agrícola do Vale do Taquari. Responde por vários crimes, entre eles assalto a carros-fortes. Em outros júris, ele já foi condenado a 184 anos de cadeia e cumpre a pena no Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Filho de casal da classe média rural, Seco iniciou a vida sendo operador de máquina retroescavadeira. No início dos anos 2000, ele ingressou na vida bandida usando, até então, uma técnica inédita nas estradas gaúchas para parar os carros-fortes: os abalroava usando um caminhão. No auge da sua carreira de assaltante, em 2005, teve a audácia de enviar um recado para os seus maiores perseguidores, entre eles o delegado Guilherme Wondracek:
- Mato um ou dois delegados antes de ser preso.
Na madrugada de 13 de abril de 2006, à beira da BR-386, no km 373, foi ferido em confronto com os policiais do Deic. Rendeu-se gritando que não queria morrer, com uma das pernas ferida e as calças urinadas. Dias antes de ser preso, Seco e sua quadrilha haviam roubado R$ 3 milhões de uma empresa de segurança em Santa Cruz do Sul. No dia seguinte à prisão do bandido, as delegacias foram inundadas de denúncias do local do esconderijo do dinheiro. Sem sucesso, dezenas de buracos foram escavados em busca dos R$ 3 milhões na Região Metropolitana. Nos últimos anos, os agentes têm recebido denúncias de que o Seco teria usado o dinheiro para comprar prédios, máquinas retroescavadeiras e em outros empreendimentos.
- Ainda continuam a chegar denúncias sobre onde Seco teria investido o dinheiro. Soubemos que ele lavou o dinheiro usando o nome de outras pessoas. Continuamos investigando o caso - afirma o delegado Wondracek, atual diretor do Deic.
Não há um cálculo exato do volume de dinheiro que o Seco tenha roubado. Mas é fato que ele era conhecido, entre os seus familiares, amigos de infância e colegas de quadrilha, como um sujeito "pão-duro".