Luiz Antônio Nasi (*)
A inteligência artificial (IA) tem se mostrado uma ferramenta que pode redesenhar os cuidados médicos dos próximos anos. A IA passa a integrar uma forma de saúde digital que permite organizar e cruzar informações dentro de um grande oceano de dados, dando maior precisão à medicina diagnóstica e preditiva. Assim, é capaz de ajudar na organização de um complexo sistema de atendimento em grande escala em qualquer esfera da saúde pública ou suplementar, com dados que migram com o paciente. Basta ter a senha de acesso personalizada funcionando como a nova carteira de identidade de cada um. A ideia de um prontuário único individualizado numa mesma plataforma de dados é muito mais prática, lógica e custo-efetiva.
A possibilidade de usar algoritmos que analisam grandes volumes de dados também nos permitirá otimizar tanto o cuidado direto ao paciente quanto os processos internos das instituições. É o caso de exames de imagem, como ressonâncias magnéticas, tomografias e radiografias, identificando padrões muitas vezes imperceptíveis, mas que quando analisados em grande escala, permitem identificar sutilezas que podem passar despercebidas.
Com o advento das terapias personalizadas, a IA também é capaz de prever a resposta individual a diferentes medicamentos. A fármaco-genética reforça o que se chama de medicina personalizada ou individualizada. A área psiquiátrica tem crescido nessa área, oferecendo uma combinação de medicamentos capaz de determinar efeitos terapêuticos mais eficazes. Drogas que prolongam a vida e que se baseiam na regeneração da nossa bagagem genética, corrigindo ou substituindo determinada sequência de bases no DNA ou RNA, estão sendo estudadas na medicina do envelhecimento. E a IA é uma grande aliada na medicina genômica para as ditas "aging drugs" ou medicamentos que prolongam a vida.
Entretanto, é fundamental ressaltar que a IA deve ser vista como uma aliada, e não como uma competidora com a figura do médico ou do gestor em saúde. O médico ou a instituição de saúde será sempre indispensável, mas precisam estar aliados a essa incrível ferramenta digital que desafia a nossa forma de pensar e agir.
A IA representa o que a nova revolução industrial representou no século passado. Acredito que o futuro da medicina será caracterizado por uma integração crescente entre inteligência artificial e práticas médicas humanizadas, capaz de tornar o cenário da saúde uma prática sem fronteiras, com grande contribuição para a qualidade de vida das novas gerações.
(*) Superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento