Solange Lompa Truda (*)
Qual a criança que não conta os dias para a chegada do Papai Noel? São momentos de ansiedade e alegria, que mexem com a fantasia de nossos filhos, netos, sobrinhos. E não é só por conta da alegria causada pelos presentes que o personagem nos traz nessa noite tão esperada.
Este será um Natal diferente, por todas as experiências afetivas que serão vividas depois da celebração de 2020, em que tivemos com o isolamento social das famílias e amigos por conta da pandemia. Quem de nós, adultos, crianças, pais ou educadores, não sentimos saudades daquele espírito alegre de Natal registrado em nossas infâncias?
Não há como negar que natais e finais de ano sempre tiveram um significado muito especial para crianças e adultos, demonstrando términos de ciclos e mudanças, expectativas para o novo, que está por vir e para ser vivido. Temos certeza de que nosso Natal de 2021 será cheio de significados especiais. Sobrevivemos a uma pandemia, perdemos amigos e familiares, fomos vacinados, precisamos nos recriar na forma de trabalhar, de ensinar, de aprender e estamos, aos poucos, retomando antigas rotinas e o prazer de reencontrar.
O Natal do ano passado não teve a magia da festa, das visitas do Papai Noel, das luzes e das cores pelas ruas da cidade. Estávamos reservados em nossas casas, com muitas dúvidas e medos frente a tudo que vivemos de forma tão perplexa.
Parece que estamos retomando mesmo, aos poucos vem o prazer de confraternizar e de viver um Natal mais seguro, que permite sonhar e entrar na magia a que essa data nos remete. Podemos alimentar expectativas e desejos frente a um novo momento, um novo tempo. Talvez um tempo em que os encontros, os espaços abertos, os amigos e os familiares sejam ainda mais valorizados.
O papel do Papai Noel
Nossas crianças aprenderam a se relacionar de outra forma com o Papai Noel dos shoppings, com máscara, sem o beijo, sem o toque. Entregam cartinhas numa distância segura. Nasce uma outra forma de sonhar. A fantasia do Papai Noel segue permitindo que a criança habite por algum tempo um mundo mágico, onde conceitos sobre o bem e o mal, o certo e o errado são vividos e aprendidos de forma muito natural. Esse bom velhinho, no imaginário infantil, é aquele ser bondoso, que conhece cada criança e suas necessidades, traz o presente desejado para os que foram bons, traz a alegria e a recompensa de ter cumprido seus deveres durante o ano. Podemos estimular a imaginação dos nossos filhos na primeira infância, para que eles possam entender suas emoções e entender seu papel na sociedade e tornarem-se indivíduos que venham fazer a diferença.
A tão esperada noite de Natal, com todos os encantos de uma fábula, também consegue transmitir às crianças conceitos importantes de fraternidade, carinho, amor para a vida adulta e outros valores. Acredito, também, que não podemos perder o hábito de incluir nossas crianças na decoração e na desmontagem da árvore, permitindo fazer escolhas, exercitar a troca de opiniões e entender a passagem dos ciclos.
Convido a todos nós, adultos, que possamos reviver nossas lembranças e experiências natalinas com esta nova geração de crianças, vivendo situações de cuidado, respeito e amor, acrescidos de muita fantasia e ludicidade, contando histórias e situações que lembrem os valores de doação, aceitação, solidariedade e empatia que a pandemia tanto nos ensinou.
(*) Psicóloga da infância e adolescência