O que é?
O teste do pezinho é um exame de sangue ao qual todas as crianças recém-nascidas devem ser submetidas a fim de identificar a existência de seis tipos de doenças que, se descobertas precocemente, podem ser tratadas imediatamente e, assim, evitar sequelas irreversíveis.
De acordo com o Ministérios da Saúde, o teste deve ser realizado entre o terceiro e o quinto dia de vida.
A data
Neste sábado, 6 de junho, comemora-se no país o Dia Nacional do Teste do Pezinho, uma iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS), capitaneado pelo Ministério da Saúde por meio da Programa Nacional de Triagem Neonatal. A data integra o Junho Lilás, campanha de conscientização da população para a prevenção de doenças graves em bebês.
A médica Celia Maria Boff de Magalhães, que faz parte da Coordenação da Política Estadual de Triagem Neonatal, comenta:
— É muito importante que os cidadãos entendam porque é fundamental essa ação preventiva que impede o agravo de doenças que podem ter, entre outras consequências, o retardo mental grave e óbito.
Onde fazer?
A coleta das amostras de sangue pode ser feita em qualquer posto de saúde do Brasil, sendo oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No caso do Rio Grande do Sul, o teste pode ser realizada em qualquer um dos 497 municípios do Estado.
Como é feito?
Os profissionais da saúde fazem um pequeno furinho no calcanhar do bebê, local rico em vasos sanguíneos, e realizam a coleta de seis gotinhas de sangue em um cartão especial. Este cartão é identificado com todos os dados do recém-nascido e enviado para o Serviço de Referência em Triagem Neonatal, que no Estado funciona no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre, onde é feito o teste laboratorial sobre as amostras.
Que doenças podem ser detectadas?
O exame oferecido pelo SUS possibilita a descoberta de até seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, síndromes falciformes, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. A partir do diagnóstico precoce dessas enfermidades e o início rápido do tratamento, há mais chances de evitar sequelas como deficiência mental, microcefalia, convulsões, comportamento autista, fibrosamento do pulmão, crises epilépticas e a morte, nos casos mais graves.
Saiba mais sobre cada uma delas
Fibrose cística: acomete órgãos como o pulmão e o pâncreas, aumentando a chance de infecções e desnutrição.
Síndromes falciforme: reduz a presença de glóbulos vermelhos no sangue, o que afeta o transporte de oxigênio.
Hipotireoidismo congênito: quebra a capacidade de produção de hormônios tireoidianos, provocando retardo mental e falha no crescimento.
Hiperplasia adrenal congênita: diminui a produção de hormônios críticos à sobrevivência e eleva a produção de testosterona, determinando alterações genitais.
Fenilcetonúria: dificulta a transformação do aminoácido tirosina. A ausência dele pode acarretar em retardo mental.
Deficiência de biotinidase: é a falta da vitamina biotina, que pode provocar convulsões, fraqueza muscular e baixa imunidade.
Frequência
Conforme dados de 2019 do Ministério da Saúde, as doenças mais comuns entre as seis são o hipotireoidismo congênito e a doença falciforme, que somadas totalizam uma média de 77% dos casos diagnosticados. No entanto, a ocorrência de qualquer uma das enfermidades é baixa. Entre 2012 e 2017, foram triados mais de 14,5 milhões de recém-nascidos no país. Destes, um pouco mais de 17 mil bebês tiveram alguma das doenças detectáveis, uma taxa aproximada de 0,1% dos recém-nascidos.
E se o teste for positivo?
A partir do resultado preliminar, o Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) faz uma busca ativa da criança por meio dos dados referentes no cartão de testes. Então, são realizados novos exames para a confirmação do diagnóstico. Assim como o exame, o tratamento é oferecido integralmente pelo SUS por meio do Serviço de Referência, do qual faz parte uma equipe multidisciplinar com pediatras, endocrinologistas, pneumologistas, geneticistas, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais.
Dados no RS
Segundo o Serviço de Referência em Triagem Neonatal do Estado, em 2019 foram recebidos 102.349 cartões do teste do pezinho de todos os municípios gaúchos (aproximadamente 80% dos nascidos vivos). Foram diagnosticadas e estão em acompanhamento 127 crianças com fenilcetonúria, 1.356 com hipotireoidismo congênito, 206 por triagem alterada de hiperplasia adrenal congênita e 28 com deficiência de biotinidase. Com fibrose cística, foram 83 crianças, e com hemoglobinopatias, 290.
Fonte: Celia Maria Boff de Magalhães, médica da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul.
Produção: Állisson Santiago