Durante o verão, muitas pessoas abusam da exposição ao sol e, ao invés de um belo bronzeado, acabam com queimaduras solares. Entre as tradicionais recomendações para evitá-las, está o uso de roupa adequada, chapéu, óculos e, principalmente, protetor solar. Além disso, os filtros também são fundamentais para a prevenção do câncer de pele.
Por esse motivo, um texto postado no dia 10 de dezembro de 2019 em um perfil do Instagram com cerca de 39 mil seguidores causou estranheza e preocupação. A publicação, que teve mais de 200 curtidas, afirma que o uso de protetor solar aumenta a incidência de melanomas — um dos tipos de câncer de pele.
De acordo com o professor de dermatologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) André Costa Beber, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio Grande do Sul (SBD-RS), o aumento dos casos da doença está relacionado somente com o crescimento progressivo do hábito de exposição solar que ocorreu durante o século 20.
— Até a revolução industrial, o pobre trabalhava na lavoura, então, na época, ter a pele marcada pelo sol era sinônimo de pobreza. Depois, o trabalhador mudou para dentro das fábricas, e a partir disso começou a mudar o padrão de beleza, que passou a ser ter a pele bronzeada. As pessoas começaram a pegar mais sol e, em função disso, foram aumentando os casos de câncer — afirma Costa Beber.
O professor também enfatiza que a eficiência dos produtos foi melhorando com o passar dos anos. Segundo ele, os primeiros protetores foram desenvolvidos para proteger somente da radiação UVB e, atualmente, devem especificar seu nível de proteção tanto para as radiações UVB quanto para UVA. No entanto, a proteção oferecida ainda é parcial:
— Estamos melhorando os protetores solares, precisamos conhecer melhor e ampliar sua proteção. Então, não adianta passar um monte de protetor e ficar horas no sol, o problema não é o protetor e sim a exposição.
O texto publicado, que tem comentários agradecendo as informações, afirma ainda que os produtos utilizados na composição dos protetores são tóxicos para o corpo e que não são submetidos a uma pesquisa completa antes da aprovação do uso. Costa Beber salienta que todos os protetores solares são avaliados e considerados seguros por agências reguladoras em diversos países:
— Toxicidade existe em qualquer produto, mas medicações, em geral, são feitas para serem usadas de forma segura. A Austrália, que é o pais que tem a maior epidemia de melanoma, pesquisa muito sobre protetor solar, que são usados com segurança mesmo por crianças e mulheres grávidas. Diversos países testam esses produtos.
A publicação também cita estudos que teriam sido publicados na década de 1990, admitindo que a luz do sol não causa melanoma ou câncer de pele. O professor esclarece que a radiação solar é o principal fator ambiental relacionado à doença, por isso, enfatiza que o uso de protetor solar não é um salvo-conduto para a exposição solar abusiva.
— O protetor é um elemento a mais que vem depois do cuidado com o horário adequado, da roupa adequada, do chapéu e do óculos. Ele faz parte da educação solar na prevenção do câncer de pele. As pessoas querem ficar bronzeadas em dias, e isso é danoso – conclui Costa Beber.
*Produção: Jhully Costa