Pets são fonte de afeto e saúde. A ciência já comprovou que conviver com animais de estimação faz bem ao coração, reduz o estresse, incentiva a prática de atividades físicas e estimula o senso de responsabilidade. Para ajudar você a retribuir tantos benefícios, reunimos as principais informações sobre os cuidados com os cães, de acordo com as fases da vida dos animais.
Como escolher
Antes de decidir pela compra ou pela adoção de um cão, é preciso definir qual o propósito dessa nova relação. Cada raça tem características específicas, reflexo da sua evolução ao longo dos anos.
– Há cães que foram desenvolvidos para determinados trabalhos. As pessoas pegam raças sem saber para que elas servem e acabam tendo problemas. Se quero um cão de guarda, por exemplo, não devo comprar um pitbull, mas, sim, um rottweiler – explica o adestrador Tiago Pacheco, da Cão Cidadão, empresa especializada em adestramento e comportamento animal.
Esse tipo de avaliação fica prejudicada quando o cão não tem raça definida – os queridos e populares vira-latas. Mas sempre vale apostar na criação.
– Uma boa criação gera bons cães, independentemente do perfil de agressividade – afirma Tiago.
Ao adotar ou comprar, vale lembrar também que a expectativa de vida de um cachorro é de, pelo menos, 10 anos.
– É um comprometimento. As pessoas precisam se responsabilizar ao longo de toda a vida do animal – destaca a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da UniRitter, Wanessa Beheregaray Gianotti, veterinária acupunturista.
Filhotes
A infância é uma fase fundamental no desenvolvimento do cão. Investir nos primeiros 12 meses de vida pode significar mais bem-estar na fase adulta e na velhice.
Saúde
O primeiro “passeio” que um cachorro deve fazer é ao veterinário. O profissional vai indicar as vacinas que precisam ser tomadas e a necessidade ou não de tratamento prévio, como vermífugo ou antipulgas. A imunização protege especialmente da cinomose, da parvovirose (as doenças mais comuns na infância do cão) e da raiva. Depois dos primeiros 12 meses de vida, o reforço das doses é anual.
É também na infância que a castração deve ser feita – sobretudo das fêmeas.
– Em geral, elas têm indicação de castração antes do primeiro cio, o que costuma ocorrer entre seis e sete meses de vida. Isso por que a estimulação hormonal predispõe o surgimento dos tumores de mama – diz a veterinária Mariana Teixeira, professora da UniRitter.
Nos machos, como a evolução da uretra depende da estimulação hormonal, é preciso esperar até oito meses ou um ano de vida.
Alimentação
Filhote come, obrigatoriamente, ração de filhote. Não adianta inventar.
– Atrás da produção das rações, há ciência. Os alimentos são desenvolvidos para suprir as necessidades de acordo com a faixa etária do animal – defende Isabel Silva, professora de nutrição animal na UniRitter.
A troca para a ração de adulto (leia mais ao lado) deve ocorrer, aproximadamente, aos 12 meses – a regra pode variar para cães de raças grandes e gigantes.
A quantidade de alimento oferecida também é importante. Para evitar problemas relacionados à obesidade, deve-se seguir as recomendações das embalagens ou do médico veterinário. Para os filhotes, a quantidade pode ser dividida em até três porções diárias.
Comportamento
Conhecer as etapas de desenvolvimento dos filhotes é fundamental para compreender seus comportamentos. A veterinária e doutora em Psicologia Ceres Faraco divide o desenvolvimento canino em cinco períodos. A primeira fase, a neonatal, vai do nascimento aos 13 dias de vida e é caracterizada pela completa dependência da mãe.
– Nesse período, eles têm pouca relação com o mundo exterior: olhos e canal auditivo estão fechados. Não conseguem urinar ou defecar sem estímulo da mãe – diz Ceres.
Dos 13 aos 19 dias de vida, ocorre o período de transição, quando os filhotes passam a ganhar independência: abrem olhos e ouvidos, interagem, começam a caminhar e a ter controle das eliminações.
– É nessa faixa que eles começam a ter relações e podem ser estimulados. Os tutores podem abrir a boca do animal e mexer nele por pouco tempo, cerca de cinco minutos, para não gerar estresse. Assim, ele aprende a aceitar o toque e não será um cão que entra em pânico quando é examinado – explica a veterinária.
Entre 19 dias e 12 semanas, ocorre a fase da socialização, um período-chave em que os filhotes devem ser apresentados a outros cães, gatos e pessoas diversas.
– O animal deveria ficar com a mãe e os irmãos até oito semanas, pois é nesse ambiente que ele aprende a ter controle de comportamento. É importante para evitar insegurança e ansiedade no futuro – enfatiza Ceres.
Das 12 semanas até a maturidade sexual, os cães passam pela fase juvenil, concluída com a chegada da etapa adulta.
Adultos
É a fase entre um e sete anos de vida. Além de manter os cuidados com alimentação e vacinação, é importante que o tutor fique atento a doenças de pele e articulares.
Saúde
Vacinas como antirrábica, contra leishmaniose, tosse canina, leptospirose e a polivalente precisam ser aplicadas anualmente. Os tutores devem levar o animal ao consultório veterinário pelo menos uma vez ao ano. A administração dos vermífugos varia de acordo com o estilo de vida do cão: aqueles que ficam em sítio, por exemplo, podem precisar de três a quatro doses anuais. A mesma regra vale para antipulgas e carrapatos.
E a higiene? Dependendo da raça, pode haver indicação de banhos semanais, para não deixar os pelos embaraçados. Cotonetes não devem ser usados.
– Tem que cuidar para não entrar água nos ouvidos, fator que pode predispor à otite. Também é preciso secar bem entre as patas para evitar o surgimento de fungos – orienta a veterinária Mariana Teixeira.
Alimentação
Se os tutores optarem por oferecer ração, o principal cuidado é em relação à quantidade de alimento. Gulosos, os cães sempre vão pedir mais do que realmente precisam.
– Eu sei que é difícil, pois, às vezes, o amor é traduzido em comida. Se ele está pedindo, dê um pedaço de maçã ou um petisco indicado pelo veterinário. Ele precisa entender que comida não é prêmio – diz a veterinária Isabel Silva.
Recomenda-se dividir a medida diária indicada na embalagem ou pelo veterinário em duas porções.
Mas também é possível oferecer comida de forma saudável. A quantidade precisa ser calculada por um veterinário e pode haver necessidade de suplementação. É proibido dar aos cães as refeições da família, com temperos e aditivos que podem prejudicar o aparelho digestivo. Ou seja: nada de industrializados nem ultraprocessados.
Cenoura, brócolis, abóbora, chuchu, banana e maçã sem semente em pequenas doses são boas opções de petiscos. Alimentos crus devem ser evitados por causa da contaminação microbiana. Cebola, alho, chocolate, frutas cítricas e uva também não podem estar no menu dos bichanos.
Comportamento
Fazer as necessidades fora do lugar e ser reativo (quando o animal não reage bem a determinado estímulo) são as principais reclamações de tutores, afirma o adestrador Tiago Pacheco:
– O ato de roer objetos é natural nos filhotes por causa da troca dos dentes. Depois dessa fase, é preciso observar se não é frustração, tédio, problema nos dentes e até mesmo ansiedade de separação. Cães tratados com punição acabam roendo ou fazendo xixi fora do local correto por frustração.
Situações como a chegada de um novo cão à família merecem atenção. Mesmo que o animal já conviva bem com outros cachorros, é preciso um período de adaptação. O indicado é que os dois sejam levados a um local neutro, onde não haverá disputa de território, e passeiem até ficarem cansados.
– Depois, se faz a aproximação andando em círculos, deixando um na frente do outro para que eles se cheirem – sugere Pacheco.
Caso os animais se entendam, já podem ser levados juntos para casa. Do contrário, precisarão de um tempo maior de adaptação. Na maioria das vezes, cães adultos aceitam melhor os filhotes. Entretanto, cães idosos devem ser respeitados, pois já têm rotina bem estabelecida, o que significa que nem sempre estão dispostos às brincadeiras infantis. Pacheco alerta que o cão mais velho da casa deve receber os mesmos privilégios do que o novato, para não haver disputa de espaço.
Idosos
A longevidade dos cães tem aumentado e muitos podem superar os 15 anos de vida. A partir dos sete anos, eles já são considerados idosos e precisam de cuidados especiais.
Saúde
Nessa fase, aumenta o risco de doenças do coração, degenerativas (como artrose), demência e câncer. O animal precisa visitar o veterinário com regularidade – indicam-se consultas a cada seis meses.
Bastante comum, os problemas relacionados à locomoção podem ser amenizados com tratamentos específicos como fisioterapia e acupuntura. Tapetes de borracha, que facilitam o apoio em caso de queda, podem ser uma opção em casas com piso muito liso. Escadas e sacadas devem ser protegidas, especialmente em lares com animais cegos.
– Também é bom evitar mudanças em casa, pois eles se habituam com o espaço – recomenda a veterinária Wanessa Beheregaray Gianotti.
Entre as doenças degenerativas, a disfunção canina cognitiva é uma das mais importantes. Traçando um comparativo com os humanos, ela equivaleria ao Alzheimer. Não há cura, mas o problema pode ser retardado e amenizado.
O diagnóstico precoce é fundamental. Podem sinalizar a doença desorientação – quando o cão depara com a parede e não sabe sair dali, por exemplo –, redução da interação, alteração do sono e da vigília, sonolência ou inquietude – andam sem rumo ou em círculos – e ansiedade. Ao chegar nessa fase, os animais precisam ainda mais de carinho e segurança dos tutores.
Para prevenir o quadro, os cães devem ser sempre estimulados: receber desafios sensoriais de luzes, cheiros, sons, toques.
– As pessoas veem os animais envelhecendo e os deixam ali, até por afeto. Mas a falta de estímulo é ruim para ele – avalia a veterinária Ceres Faraco.
Alimentação
As rações para essa fase da vida recebem um reforço importante de gorduras de boa qualidade e ômega 3 e 6. Além disso, têm fibras de boa qualidade (facilitando a digestão), proteínas (que garantem a manutenção da massa magra) e aditivos que auxiliam a saúde mesmo com a queda no metabolismo.
Comportamento
Nessa fase, os cães tendem a ficar menos ativos: brincam menos e descansam mais. O veterinário pode indicar se o animal tem condições de realizar atividades físicas além do passeio.