Todos os dias, milhares de notas de dinheiro passam pelas mãos de diversas pessoas. Então, é de se esperar que existam microrganismos e bactérias presentes nelas, o que pode representar um risco para a saúde. Mas uma mensagem que tem circulado pela internet indica que manipular notas pode trazer consequências muito graves: de acordo com o texto, existe uma “bactéria do dinheiro” que causa morte em até 21 dias após a contaminação e é capaz de “comer” a pele humana. Será que isso é verdade?
Assim como outros textos que circulam nas redes sociais disseminando informações falsas, esse não cita o nome completo de nenhuma das fontes – o que já é motivo para desconfiança. Além disso, o conteúdo da mensagem é bastante vago, não dando informações importantes, como o nome da bactéria, por exemplo.
O texto, supostamente escrito por uma enfermeira que atua no Hospital Socorrão, em São Luis, no Maranhão, diz que uma jovem que trabalha como caixa de supermercado foi contaminada pela tal bactéria e internada em estado grave. A mensagem projeta que a moça não sobreviverá aos próximos 21 dias e informa que ela apresenta sintomas como hematomas e feridas escuras por todo o corpo.
Embora dinheiro seja uma superfície supercontaminada, se houvesse uma bactéria tão perigosa circulando nas notas, outras pessoas teriam sido afetadas. Além disso, uma simples pesquisa na internet revela que a imagem usada na mensagem é encontrada em outras centenas de posts em todo o mundo relacionados a diversos assuntos, desde a “bactéria do dinheiro” até mordida de cobra, em publicações feitas desde 2015.
A professora de microbiologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Marjo Bessa ressalta que bactérias não são capazes de comer carne humana. Mas há uma confusão sobre esse tema porque elas podem de produzir substâncias como enzimas e toxinas, por exemplo, que acabam gerando danos ao organismo e, possivelmente, causando necrose e gangrena:
– Para que isso aconteça, é preciso que a bactéria chegue até as camadas mais profundas da pele e que exista um lugar para que ela use como porta de entrada, como um corte.
Casos assim são muito improváveis, pois é preciso uma série de fatores para que eles acontecem, como a imunidade da pessoa estar muito baixa e a quantidade de bactéria ser muito grande.
Ainda assim, existem bactérias popularmente conhecidas como “comedoras de carne”. A streptococcus pyogenes, por exemplo, é realmente capaz de matar em pouco tempo e causar danos à pele – mas, tecnicamente, ela não “come” a carne humana.
– É muito raro que essa bactéria chegue em um nível tão avançado a ponto de causar necrose ou levar uma pessoa à morte – explica o professor de microbiologia da Universidade Feevale Vlademir Cantarelli.
Evite a contaminação
Não tem jeito: os microrganismos circulam por todos os ambientes, até no ar que respiramos. Portanto, é impossível não ter contato com bactérias, mas isso não significa que ficaremos doentes por conta delas. Em diversos casos, mesmo quando somos infectados, não apresentamos qualquer problema.
Mas, claro, algumas bactérias podem, sim, causar danos, e manter hábitos de higiene é fundamental para a saúde. Por isso, lave as mãos com água e sabão ou utilize álcool gel sempre que manusear dinheiro ou passar por locais com uma grande concentração de pessoas, como ônibus, hospitais e academias, por exemplo.