Maior órgão do corpo humano, a pele exerce uma série de funções no organismo. Ela serve como barreira de proteção, resguarda glândulas, vasos e nervos e tem papel importante na sensibilidade.
– Existem muitos autores estudando a questão da aparência. Enxergamos o outro através da pele, dos olhos e dos cabelos. Ela tem papel funcional, mas também é o órgão que nos liga com o exterior e é por ela que o outro nos vê em um primeiro momento – diz a médica dermatologista Maria Gertrudes Neugebauer.
No cuidado estético com a pele, combater os efeitos da ação do tempo é um dos pontos que mais movimenta o mercado. Cremes, preenchimentos, aparelhos e uma infinidade de procedimentos compõem um arsenal disponível para ambos os sexos e (quase) todos os bolsos.
Antes de investir naquele creme caro ou procedimento supertecnológico, é preciso começar pelo cuidado mais básico de todos: o uso diário de filtro solar. Médicos dermatologistas fazem coro ao colocar o produto no topo da lista dos mais importantes para manter a integridade da cútis. Pudera, o sol é considerado o inimigo número um da pele. Em excesso, a exposição solar lesiona e provoca manchas. O efeito do sol vai muito além do vermelhão após um dia inteiro na praia.
– Os danos solares são cumulativos. Os problemas dos 50 anos são decorrentes da adolescência – ilustra a dermatologista Gabrielle Adames, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Além dos prejuízos estéticos, os raios ultravioleta B, aqueles que estão mais intensos entre 10h e 16h, são os responsáveis pelo aparecimento do câncer de pele, tipo mais comum no Brasil, correspondendo a 30% de todos tumores malignos registrados no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Depois do filtro solar, completam o kit de cuidados essenciais a limpeza diária e a hidratação – inclusive nas peles oleosas. Seguir à risca esse ritual é fundamental para manter a saúde do órgão e retardar um pouco os efeitos do tempo. Não é só essa rotina, contudo, que vai garantir o não aparecimento das rugas, da flacidez ou o surgimento de manchas. Há diversos fatores, inclusive genéticos, que influenciam a aparência da face. Desdobramos esses problemas e apontamos algumas soluções para contorná-los.
Flacidez
Não adianta: a partir dos 25 anos, o colágeno da pele começa a se degradar. A melhor forma de retardar esse processo é a prevenção. Cremes com ativos derivados da carcinina são aliados, especialmente porque conseguem impedir que o açúcar que consumimos transforme as moléculas de colágeno e elastina, prejudicando a elasticidade da pele. Além desses produtos, outra saída é investir em estimuladores de colágeno, como a hidroxiapatita de cálcio e o ácido polilático.
– Eles são injetados e atuam em diferentes camadas, estimulando a produção de colágeno – diz a dermatologista Gabrielle Adames.
No quesito tecnologia, o mais indicado para tratar a flacidez é o laser Erbium YAG, que promove o que se chama de rejuvenescimento 4D.
– Ele pode ser aplicado dentro e fora da boca e age com profundidade na pele, reposicionando estruturas. Dá muito resultado – descreve a médica dermatologista Tatiana Gabbi, da SBD, acrescentando que esse procedimento é praticamente indolor.
Outra prática que pode ser usada para combater a flacidez é o ultrassom microfocado. Apesar de bastante eficiente, é doloroso.
– Mas tem um resultado excelente, que aparece em até três meses. Pode ser usado no pescoço e na mandíbula, suspendendo as estruturas da pele – afirma Tatiana.
Manchas
Embora todas as peles possam sofrer com manchas, a genética é um fator importante nesse contexto. A união de histórico familiar e exposição ao sol resulta na chamada melanose solar, manchas causadas pela radiação ultravioleta A, presente ao longo do dia.
De acordo com a dermatologista Maria Gertrudes Neugebauer, os tratamentos disponíveis conseguem apenas atenuar o problema, nunca eliminá-lo de vez. Entre os ativos que podem ajudar, estão o ácido retinoico e a hidroquinona. Já os aparelhos mais comuns são luz pulsada, CO² e microagulhamento.
Outro tipo de mancha comum é o melasma, associado a fatores hormonais. O problema tende a aparecer com uso de contraceptivos orais ou durante a gestação. Para tratá-lo, a recomendação são peelings de ácido retinoico, microagulhamento e muito filtro solar com cor.
– Quem tem melasma precisa usar proteção em ambientes fechados, pois as luzes internas também mancham – lembra Gabrielle Adames.
Rugas
Franzir a testa, fazer beicinho ou dar aquela piscadinha de olho são cruciais para a formação das famosas rugas de expressão, ou dinâmicas, como chamam os especialistas. De tanto forçar o movimento, a pele perde a elasticidade e acaba formando novos vincos, chamados de rugas estáticas.
– As dinâmicas se formam em pessoas jovens com colágeno bom pelas expressões excessivas. Água mole em pedra dura... – diz a dermatologista Maria Gertrudes Neugebauer.
A boa notícia é que dá para prevenir o aparecimento dessas marcas: a saída é apostar em cremes que inibem o mecanismo da metaloproteinase, um grupo de enzimas que pode contribuir significativamente para o envelhecimento cutâneo ao provocar a quebra do colágeno.
– Esses cremes fazem o estímulo das células da camada dérmica, produzindo novo colágeno e elastina, o que evita rugas e flacidez – explica a dermatologista Gabrielle Adames.
Tatiana Gabbi, médica dermatologista da SBD, completa:
– Para prevenir rugas, os melhores ativos são o ácido retinoico, a vitamina C e seus derivados.
Quando as marcas já estão instaladas, é mais difícil tratar. Além dos cremes específicos, a dica é apostar em alguns procedimentos. Um dos mais populares é a aplicação de toxina botulínica, substância que se liga aos receptores da musculatura, impedindo que os impulsos nervosos cheguem ao músculo, paralisando o movimento. Com duração média de quatro meses, o tratamento também pode atuar na prevenção das rugas.
– Quanto antes começar, melhor – indica Gabrielle.
Rugas mais evidentes também podem ser amenizadas com preenchimentos de ácido hialurônico.
– A região onde há aplicação se hidrata, pois ele puxa água para si, promovendo volume. A vantagem é que, quando o resultado não fica bom, pode-se utilizar uma substância que dissolve o ácido hialurônico – complementa Tatiana.
Outros procedimentos para apagar as rugas são os lasers ablativos, o CO² e o microagulhamento – que faz diversos microfuros na pele. O objetivo de todos é o mesmo: promover o chamado resurfacing, ou seja, refazer toda a superfície facial para estimular a produção de colágeno.
– A ideia é melhorar a face como um todo e igualar a pele do rosto – afirma Tatiana.