Qual é o melhor lugar dos Estados Unidos para morar que se você quer aumentar suas chances de viver mais?
Com base em um estudo novo e confiável, feito em todos os estados, sobre o peso das doenças, deficiências e mortes prematuras nos Estados Unidos, e como isso mudou de 1990 até 2016, o melhor a fazer é se estabelecer no Havaí, onde os moradores possuem a maior expectativa de vida: 81,3 anos.
Se o seu objetivo é viver muito e permanecer saudável o maior tempo possível, porém, escolha Minnesota, um estado que supera todos os outros e o Distrito de Colúmbia na duração média de expectativa de vida saudável: 70,3 anos.
Talvez eu devesse ter ficado em Minneapolis, cidade que amava e que ainda amo quase 53 anos depois de me mudar para Nova York e trabalhar para o Times. Mas aí, não estaria escrevendo esta coluna a cada semana pelos últimos 40 e tanto anos. Ganhamos algo, perdemos alguma coisa.
Os moradores do Minnesota brincam que são os longos meses de temperaturas abaixo de zero que os preservam, mas o doutor Christopher J.L. Murray, o principal autor do novo estudo, afirmou: "Viver em lugares frios é muito ruim. O pessoal de Minnesota provavelmente seria ainda mais saudável se não fosse tão frio por lá".
Claro, a biologia da população nativa provavelmente é importante em termos de quanto tempo as pessoas vão viver e quão saudável serão nas várias partes do país. E suas oportunidades de ter uma boa educação, segurança financeira, cuidados médicos de qualidade e segurança ambiental também são contribuições importantes.
A grande questão, no entanto, como esse estudo extraordinariamente amplo demonstra claramente, é como as pessoas vivem: se elas fumam, o que e quanto comem e se abusam do álcool e das drogas. Isso, junto com altos níveis de açúcar no sangue e a pressão sanguínea, ambos influenciados pela dieta, são os principais fatores que ditam a saúde ruim.
"Cerca de três quartos da variação de expectativa de vida entre os condados pode ser explicado por esses grandes fatores de risco", explica Murray, epidemiologista e economista de saúde na Universidade de Washington. "O ambiente sociocultural, especialmente o que as pessoas comem, tem muito mais importância do que os genes ou o ambiente físico."
Lamentavelmente, o estudo não mede a contribuição dos exercícios regulares para a longevidade e a saúde duradoura. "Não há tantas pesquisas sobre os efeitos da atividade física como deveria haver", diz Murray, afirmando que os exercícios físicos provavelmente têm influência nos principais riscos que foram medidos.
As políticas públicas e os comportamentos pessoais deveriam promover a capacidade de se viver sem doenças crônicas e deficiências até a velhice – em outras palavras, para maximizar as chances de adicionar anos à vida e vida aos anos para a maior quantidade de pessoas possível, segundo o doutor Howard K. Koh, que escreveu um editorial com o doutor Anand K. Parekh sobre o estudo, publicado no JAMA em abril.
As conclusões do estudo podem e devem fornecer um modelo para todos – o público, os profissionais de medicina e as agências governamentais – para alcançar o importantíssimo objetivo de economizar e ficar mais saudável. Mas esse é um objetivo que depende muito da preservação de um componente importante do Ato de Cuidados de Saúde Acessíveis (Obamacare): cobertura total, sem pagamentos extras, para "uma série de aconselhamentos e intervenções de triagem relevantes ao uso de tabaco, à dieta, à hipertensão e aos exercícios, à medicação preventiva com estatinas e aspirina; à depressão; e ao câncer (mamas, pulmão, cólon, reto, pele e cervical)", escreveram Koh e Parekh.
Será que as pessoas que precisam perder alguns quilos por causa da saúde sabem que, sob o Obamacare, elas agora estão cobertas para várias sessões de aconselhamento de perda de peso? Ou que os programas de prevenção ao diabetes são oferecidos em vários lugares, como as ACMs, pelos Centros de Serviços do Medicare e do Medicaid?
"Todo mundo precisa de seguro para acessar os serviços de cuidados de saúde, isso é uma parte essencial da saúde", disse Koh, professor de Saúde Pública da Escola T.H. Chan de Saúde Pública de Harvard. "E serviços preventivos cobertos pelo Ato são necessários para dar a todos a oportunidade de atingir o maior estado de saúde possível", um objetivo estabelecido pela Organização Mundial de Saúde.
"O estudo do doutor Murray mostra que muitas pessoas não estão aproveitando essa oportunidade", disse Koh. "Isso deveria ser um chamado à ação para o país. Como um médico que se preocupa com seus pacientes há mais de 30 anos, já vi muito sofrimento e mortes que poderiam ter sido prevenidos."
Por exemplo, um progresso enorme já foi feito na redução do uso de tabaco nos últimos cinquenta anos. "Ainda assim, há 35 milhões de fumantes adultos e mais de meio milhão de mortes por causas relacionadas ao tabaco todos os anos", diz Koh. "O câncer de pulmão, que é 85 por cento evitável, ainda é a principal causa de mortes por câncer. Por que toleramos isso?"
Por Jane E. Brody