A duquesa de Cambridge, Kate Middleton, sofre com a hiperêmese gravídica, segundo informou o Palácio de Buckingham nesta segunda-feira (4), ao anunciar a terceira gravidez da esposa do príncipe William, segundo na linha de sucessão à Coroa Britânica. A condição provoca vômitos excessivos durante a gestação e é desencadeada por diversos fatores, entre eles a hipersensibilidade à alteração de hormônios e questões psicológicas.
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Em média, 90% das gestantes passam por um período de náuseas no primeiro trimestre da gestação. Dessas, 30% têm, além das náuseas, vômitos. Uma parcela ainda menor - entre 1 a 3% - têm náuseas e vômitos muito intensos, que podem levar à hospitalização ou desidratação.
– A ação dos hormônios diminui a velocidade de esvaziamento de estômago. Por isso, ele fica sempre cheio ou com a sensação [de cheio], o que pode contribuir para vômitos em excesso - explica o chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento, Marcos Wengrover.
Existem duas razões principais que podem levar a esse cenário: alterações hormonais e questões psicológicas. Com o crescimento do HCG, o hormônio da gravidez, no primeiro trimestre, mulheres com alta sensibilidade a mudanças hormonais podem vir a ter a condição. Náuseas ao tomar pílula anticoncepcional, por exemplo, podem significar sensibilidade maior a essas alterações e, na gestação, apontar o diagnóstico na direção da hiperêmese.
Na parte emocional, é importante estar com tudo em ordem, na medida do possível. A incerteza sobre a gestação, os conflitos familiares e as preocupações podem mexer com o psicológico e suscitar a condição, gerando consequências físicas em função de um estado emocional. Ter uma boa estrutura para receber o novo bebê, estar segura com a assistência médica que está recebendo e ter certeza de que é o momento certo para a gravidez ajudam a manter o lado psicológico mais tranquilo.
A causa da doença de Kate não foi divulgada. Já ter passado por isso antes não torna a situação mais fácil. A ocorrência da hiperêmese, por também poder ser motivada por fatores psicológicos, independe de acontecimentos prévios.
Saiba mais sobre a hiperêmese gravídica:
COMO IDENTIFICAR
Uma vez que a náusea é um sintoma que acontece com a maioria das mulheres grávidas, o que deve chamar a atenção é a intensidade: impossibilidade de se alimentar, perda de peso ou até mesmo a desidratação acontece em mulheres que passam por essa condição. À vista de algum desses sintomas, comunique o médico para que se faça o diagnóstico e tratamento correto.
COMO TRATAR
Há medicação disponível no mercado para controlar enjoos, que deverá ser propriamente prescrita pelo médico que faz o acompanhamento da gestação. As recomendações ficam na mudança na alimentação. Dividir grandes refeições, como o almoço ou jantar, em pequenas refeições durante o dia e evitar líquidos ao comer (mantendo um espaço de 30 minutos de diferença, seja antes ou depois) pode ajudar a controlar a frequência das náuseas. Alimentos e líquidos gelados acabam sendo melhor tolerados nessa fase, por estimularem menos a atividade gástrica. Evitar gatilhos de vômito também é uma boa alternativa. A gestante deve se observar e, quando notar que determinado odor ou perfume pode desencadear vômito ou causa incômodo, sair de perto.
Fatores de risco:
- Histórico familiar. Quando outras mulheres na família passarem por isso, os riscos são maiores.
- Gestações múltiplas (gêmeos não idênticos), pois têm mais hormônios- Questões psicológicas
- Hipertireoidismo
- Infecção gástrica pela bactéria Helicobacter pylori.
COMO PREVENIR
A hiperêmese gravídica não tem prevenção. A gestação sempre traz alterações hormonais, principal fator que provoca a doença. Por isso, esse é um mal que não pode ser evitado.
Fonte: Marcos Wengrover, chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento