Na corridinha no fim da tarde ou mesmo na pedalada até o mercado, tem muita gente que aproveita esses momentos para estar na companhia de seus cães. Se você é desses que não desgruda do seu pet nem na hora de se exercitar, é bom ficar atento. Embora a atividade física ofereça uma série de benefícios para os peludos, é preciso alguns cuidados.
Para começar, o animal deve estar com a saúde em dia para encarar as atividades. A veterinária Luisiane Vieira, especialista em fisioterapia, acupuntura e quiropraxia, sugere uma avaliação para verificar se não há problemas cardíacos ou ortopédicos antes de iniciar a prática. Se liberado, o treinamento deve ser gradual, pois os animais também precisam de condicionamento.
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– Dez quilômetros de cara não pode. Dá para começar com uma volta na quadra, depois duas e assim progressivamente – indica a especialista. Na clínica, temos cães que começam com cinco minutos na esteira e, a longo prazo, fazem 30 – completa.
Outro detalhe importante é a duração do exercício. O veterinário e membro do Conselho de Medicina Veterinária - RS Pedro Ferraz recomenda, no máximo, 40 minutos para raças de porte maior. Cães menores devem ter intervalos de descanso a cada 20 minutos.
Lembrando que raças como galgo, whippet, border collie, labrador (jovens e não obesos) e vira-latas com porte mais atlético são mais aptos às atividades físicas. Por outro lado, animais braquicefálicos – aqueles com o focinho achatado –, como pugs, buldogues e shihtzus devem ficar longe das atividades extenuantes, pois têm debilidade respiratória.
Água e alimentação só depois
Passado o período de adaptação à prática, ainda é preciso ficar de olho em alguns sinais. Durante o exercício, a língua deve estar sempre rosada e os olhos brilhantes. Língua excessivamente para fora, com formação de espuma branca ou com mudança de cor são indicativos de que é hora de parar.
– A falta de oxigenação deixa a língua e as mucosas mais escuras, azuladas. Quando ela fica para fora, como se fosse uma gravata, também pode indicar exaustão – salienta Ferraz.
A escolha da hora para se exercitar também deve ser levada em consideração. Como a única proteção que os cães têm contra o calor são os coxins (as "almofadinhas" das patas), o mais indicado é fugir horários de sol forte, nos quais o piso fica mais quente. Prefira o começo e o fim do dia. Também deve-se respeitar um intervalo de duas horas após a ingestão de alimentos.
Ao término do exercício, o veterinário sugere esperar que os batimentos do coração se normalizem para oferecer água e evitar o engasgamento. Já a alimentação deve ser dada pelo menos 30 minutos depois dos exercícios.
Benefícios e cuidados
Além de beneficiar os sistemas respiratório, cardíaco, muscular e digestivo, a prática de exercícios físicos desde cedo ainda reforça as articulações e contribui para a socialização do pet. No entanto, é preciso ter bom senso: animais mais velhos, com problemas articulares ou obesos não devem ser submetidos a corridas ou pedaladas junto aos donos. Atividades de impacto podem sobrecarregar ainda mais as articulações dos animais que estão acima do peso. Para eles, Luisiane recomenda a natação orientada por um médico veterinário, além de dieta especial.