Há, sem dúvida alguma, inúmeras respostas para a pergunta sobre qual a utilidade da escola. As variáveis vão depender da pessoa que está respondendo (sua cultura, sociedade a qual pertence, época histórica, classe social, faixa etária, entre outros pormenores). Mas pensemos em nós, brasileiros do século 21. Para que nos serve a escola atualmente? Para aprender a ler e escrever, para fazer cálculos, para passar no vestibular ou fazer uma boa pontuação no Enem. Exceto o Enem, são os mesmos objetivos do século passado!
Quando a gente pensa na escola para os filhos, lógico que não consideramos apenas isso, afinal, seria pensar muito pequeno. Observamos a estrutura do prédio, a simpatia de quem nos recebe, a quantidade de estudantes e ex-estudantes conhecidos, indicação de amigos, proximidade com nossa casa ou nosso trabalho, às vezes, até orientação religiosa. Os pontos observados aumentaram bastante de um parágrafo para o outro, porém, lendo-os, não consigo achar normal levarmos em consideração apenas isso.
Uma escola precisa servir para inquietar, tirar da zona de conforto (as crianças e os adultos!), provocar, incitar novas posturas, questionar antigos pensamentos (mantendo-os ou substituindo-os). Precisa servir para autorreflexão, para ensinar cooperação, resiliência (tão falada e tão pouco praticada), solidariedade, altruísmo, frustração. Aliás, escola precisa servir muito para ensinar (na prática) a perder e a ganhar (porque saber ganhar também não é tão simples como muitos pensam). Escola precisa colocar o estudante em contato com a realidade e instigá-lo a ousar propor soluções para os problemas que a sociedade enfrenta. Escola precisa ensinar a lidar com tudo aquilo que nos é estranho ou incomum, precisa criar espaço para se discutir ideias distintas e chegar a um senso comum (ou não), precisa incentivar o respeito, auxiliar na compreensão das emoções e a saber lidar com elas sem prejuízo a ninguém.
O vestibular ainda existe (por quanto tempo mais ainda?), mas além dele, existe algo muito maior, muito mais amedrontador, muito mais difícil e penoso chamado vida real (e ela nem sempre dá uma nova oportunidade a cada semestre ou leva em consideração as nossas notas no período escolar). Passamos muito tempo dentro da escola. Nossos filhos passam ainda mais tempo dentro de uma. Levemos a sério essa escolha, pois ela pode ser nossa grande aliada em uma educação de qualidade, visando a um futuro promissor.