Os mosquitos fêmea podem transmitir o vírus zika aos seus ovos e à sua prole, afirmou um estudo na segunda-feira, sugerindo que os esforços para matar insetos adultos são insuficientes. Cientistas da Universidade do Texas, em Galveston, queriam saber se os mosquitos fêmea podiam passar a infecção pelo zika aos seus ovos da mesma forma que ocorre com a dengue e com a febre amarela.
Os mosquitos foram injetados com o vírus zika em laboratório e botaram ovos uma semana depois. Os pesquisadores então incubaram os ovos e criaram as larvas após a eclosão. Testes posteriores mostraram que uma em cada 290 tinha o vírus.
– A proporção pode parecer baixa, mas se considerarmos o número de mosquitos Aedes aegypti em uma comunidade urbana tropical, o mais provável é que este seja alto o suficiente para permitir que o vírus persista, inclusive após a morte dos mosquitos adultos infectados – disse Robert Tesh, coautor do estudo.
Leia mais:
Vermífugo para solitária se mostra promissor contra zika
Cingapura se mobiliza contra mosquitos transmissores do zika
Estudo revela como o zika vírus se multiplica após transmissão sexual
– Fumigar os adultos afetados nem sempre mata as formações imaturas de ovos, ou de larvas. Usar inseticida reduzirá a transmissão, mas provavelmente não eliminará o vírus – afirmou Tesh, cujo estudo foi publicado no periódico American Journal of Tropical Medicine and Hygiene.
A "transmissão vertical" dos mosquitos fêmea aos seus ovos pode ajudar o vírus a sobreviver, inclusive em condições adversas, como acontece durante a temporada seca em zonas tropicais. Agora, os pesquisadores têm de descobrir se a transmissão natural ocorre da mesma forma que em laboratório.
– Encontrar larvas infectadas em um pneu abandonado, ou em um recipiente com água, poderia provar a transmissão vertical – alertou Tesh.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o zika como uma emergência de saúde internacional, porque o vírus pode causar malformações congênitas em fetos de mães infectadas, como a microcefalia e outros danos cerebrais graves. O zika é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, mas também por contato sexual.
Autoridades de muitos países recomendaram às mulheres grávidas e a seus parceiros que não viajem para regiões – em sua maioria no Caribe e na América Latina – onde há transmissão ativa do vírus. Desde o final de julho, o estado americano da Flórida registrou 43 casos de transmissão local do zika em algumas partes de Miami e de Palm Beach.
Leia as últimas notícias sobre saúde