Não é fácil abandonar o tabagismo, muito menos se o vício é de muitos anos. Mas os benefícios de deixar o cigarro e semelhantes já podem ser sentidos 20 minutos depois que a decisão foi tomada.
– Em um dia, já não há mais resíduos de nicotina e monóxido de carbono no organismo e, com isso, a pressão diminui e a circulação sanguínea melhora. Depois de 10 anos sem fumar, o risco de infarto é o mesmo de alguém que nunca colocou um cigarro na boca – aponta o médico pneumologista da Divisão de Controle ao Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
No infográfico, mostramos a evolução das respostas que o organismo dá quando não é mais submetido às toxinas do cigarro:
Os médicos concordam que um fator é fundamental para sentir os efeitos positivos: é preciso querer parar.
– Cigarro não é um hábito, é um vício. Querer parar é metade do caminho para ter sucesso nessa decisão. A medicação ajuda, mas a vontade própria, e não a pressão médica ou familiar, é determinante para abandonar esse que é a principal causa de morte evitável no mundo – diz a cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP Tânia Ogawa.
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Se o primeiro cigarro pode causar tontura, irritação na garganta e dor de cabeça – problemas atenuados por aditivos como menta e chocolate –, ao longo do tempo os problemas se agravam. E não há composição química que proteja o organismo. O cigarro é hoje a principal causa do câncer de pulmão, mas também é peça-chave em tumores que podem aparecer no pâncreas, na faringe, na laringe e na bexiga.
– Não há um tipo mais seguro ou que traga menos malefícios. Cada unidade contém mais de 4.700 substâncias tóxicas. Só no Brasil, a cada hora, 20 pessoas morrem em decorrência de doenças causadas pelo cigarro – ressalta Marcelo Basso Gazzana, chefe do Serviço Médico de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento.
Prevalência diminuiu, mas ainda preocupa médicos
Em 1989, uma pesquisa feita pelo Inca revelou que 34,8% da população acima dos 19 anos fumava diariamente. A realidade mudou 24 anos depois. Um novo estudo do instituto mostrou que, nessa faixa etária, os fumantes caíram para 15%. A comemoração da queda só não foi completa porque um número ainda preocupa: 30% dos estudantes do nono ano têm pais fumantes.
– Trabalhar a prevenção surtiu efeito ao longo dos anos e conquistamos importantes feitos, como trazer as doenças relacionadas ao tabagismo nas embalagens. Continuamos trabalhando para que os rótulos sejam ainda menos atraentes – aponta Meirelles.
Porto Alegre é, de acordo com o Ministério da Saúde, a Capital que mais fuma no país. Por aqui, 18,2% da população é fumante. No país, 11,3% dos brasileiros se declararam fumantes em 2012 – o resultado foi publicado na última pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
– Parar exige acompanhamento, afinal 20% dos fumantes têm alguma doença psiquiátrica. A maioria dos pacientes precisa de ajuda medicamentosa, mas um grupo importante também necessita de ajuda para tratar problemas como depressão e transtorno de ansiedade – explica Gazzana.