Mais produtividade, bom humor e energia renovada. Quem não gostaria que esse trio fosse rotina? Pois esses são alguns dos benefícios de uma boa noite de sono. Dormir pouco ou mal, obviamente, traz efeitos contrários e bastante perigosos para a saúde: pode fazer com que o organismo fique mais suscetível a doenças, aumenta a propensão a acidentes e ainda diminui a expectativa de vida.
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Confira cinco consequências que a falta de sono pode trazer:
1. Aumenta risco doenças cardiovasculares
Adolescentes que dormem pouco tem 30% mais risco de desenvolver problemas no coração e diabetes no futuro. Essa foi a conclusão da pesquisadora Heidi IglayReger, do Centro Metabolismo e Obesidade da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Ela e sua equipe acompanharam 37 jovens com idades entre 11 e 17 anos. Os adolescentes receberam a recomendação de fazer 60 minutos de atividades físicas todos os dias e foram monitorados durante uma semana. Um terço deles atendeu ao pedido de ser fisicamente ativo e apenas cinco jovens conseguiram dormir pelo tempo recomendado, de oito horas e meia por noite. Os pesquisadores concluíram que os adolescentes que relataram falta de sono, ainda que fizessem exercícios todos os dias, apresentaram índices mais altos para risco de problemas cardiovasculares.
Outro estudo, feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, nos Estados Unidos, com 54 mil pessoas com mais de 45 anos, encontrou evidências preocupantes em quem dorme pouco. O médico Safwan Badr, que participou do estudo, confirmou que a falta de sono pode, inclusive, ser um sintoma de alguma doença. Ele e sua equipe observaram que problemas comuns do sono, como a insônia e a apneia, ocorrem com mais frequência em sujeitos que vão vir a enfrentar doenças crônicas, como cardiovasculares.
– Se você acorda exausto, deve falar com um médico para ver se existe algum problema. Se você for diagnosticado com alguma doença do sono, tratá-la pode significar uma diminuição dos sintomas e melhorar sua qualidade de vida – sugeriu o médico, que é presidente da Academia Americana de Medicina do Sono.
2. Engorda
Pessoas que não dormem o número de horas suficiente para se sentirem descansados têm maior tendência a consumir mais alimentos e, com isso, ganham mais peso. Um estudo feito na Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, percebeu o risco em quem dormia menos de oito horas diárias, quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde.
– Dormir menos não vai, sozinho, causar ganho de peso. Mas as pessoas que não dormem o suficiente comem mais do que realmente precisam – explicou o autor do estudo, Kenneth Wright, diretor do Laboratório de Cronobiologia e Sono da Universidade do Colorado.
A equipe de pesquisadores monitorou o sono de 16 homens e mulheres jovens, magros e saudáveis. Parte deles pode dormir nove horas por dia e outro grupo teve de descansar por apenas cinco horas. Depois de cinco dias, as atividades de sono dos grupos foram trocadas. E o resultado foi que, quando os participantes tinham de dormir pouco, consumiam 6% mais calorias do que nos dias em que descansaram por mais tempo. Além disso, os pesquisadores perceberam que os que foram submetidos a menos horas de sono tomavam café mais modestos, mas abusaram de lanches após o jantar.
3. Causa degeneração no cérebro
Pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, analisaram amostras de sangue de 15 homens jovens e sadios e, em seguida, dividiu os sujeitos em dois grupos: um passou a dormir oito horas todos os dias e outros descansaram por menos tempo. E foi nesse segundo grupo que os cientistas encontraram diferenças nas amostras. Eles constataram um aumento de 20% em duas toxinas que causam lesões cerebrais.
– Uma boa noite de sono é importante para manutenção da saúde do cérebro. A falta de sono pode acelerar os processos de neurodegeneração – explicou Christian Benedict, coordenador do estudo.
Entre as toxinas que apresentaram elevação em quem dormiu pouco está a beta-amilóide que, cumulativamente, promove Alzheimer.
4. Prejudica o intestino
Diarreia com muita frequência durante o dia, fortes cólicas, perda de apetite e de peso, febre e pus nas fezes são sintomas de uma doença conhecida como colite ulcerativa. Entre os fatores que aumentam os riscos de desenvolver a doença está a falta de sono, de acordo com uma pesquisa feito no Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica Clinical Gastroenterology and Hepatology. Segundo o autor do estudo, Ashwin Ananthakrishnan, quem não dorme oito horas por noite tem potencializado os riscos de desenvolver a doença, que tem origem inflamatória e afeta o revestimento do intestino grosso e o reto.
– Descobrimos que menos de seis horas e mais de nove horas de sono por dia estão associadas a um maior risco de desenvolver o problema. Todos estes dados, em conjunto, corroboram o impacto das perturbações do sono no sistema imunológico – disse ele.
Ananthakrishnan tem feito pesquisas sobre as condições das pessoas que dormem pouco e também concluiu que a má qualidade de sono aumenta duas vezes mais o risco de doença de Crohn.
5. Faz com que as pessoas tomem más decisões
Quem dorme pouco à noite pode não fazer as melhores escolhas durante o dia. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela Washington State University e publicada na revista científica Sleep. Os cientistas analisaram 26 pessoas com idades entre 22 e 40 anos. Os participantes tinham de reagir a testes propostos pelos pesquisadores, que perceberam que aqueles que dormem tempo insuficiente têm mais dificuldade para entender as regras das provas e tomar uma decisão quanto ao próximo passo.
– Durante o sono, o cérebro se recicla. Uma série de hormônios são produzidos, nossa memória é ativada e ajuda a fixar coisas que aprendemos durante o dia. Além de tudo isso, a privação de ajuda prejudica porque causa cansaço. A sonolência causa desatenção e prejudica o rendimento. É preciso entender que é melhor dormir mais e fazer as coisas de uma melhor forma do que dormir pouco e estar sujeito a erros importantes – avaliou o neurologista Geraldo Rizzo, membro da Associação Brasileira do Sono e participante do estudo.