Não adianta tentar se enganar: em regra, consumir alimentos ao natural é melhor para a saúde do que optar pelas versões enlatadas. Mas isso não quer dizer que quem prefere a praticidade – ou a economia, em alguns casos – desse tipo de produto só tem a perder. Apesar de empobrecer os alimentos em termos nutricionais, o processo de industrialização pode ajudar a conservá-los de forma segura por mais tempo. E, às vezes, os enlatados são uma alternativa para o acesso a alimentos que nem sempre estão à disposição no modo natural, como a sardinha, rica em ômega 3 – uma gordura muito benéfica para o organismo.
– Se uma pessoa tem acesso a esse nutriente de outras formas, mesmo que consumindo outro tipo de peixe ao natural, é melhor. Mas se não tiver outra fonte, o enlatado é bom – diz a nutricionista funcional Maribel Melo.
Com o atum que salva o molho do macarrão naqueles dias em que tudo deu errado não é muito diferente. A maior ressalva, no caso dos peixes, é a alta quantidade de sódio dessas versões. Já nos outros alimentos, além do sódio em excesso, pode haver uma perda significativa de nutrientes importantes, como fibras, potássio e vitaminas que se vão durante o cozimento. Por outro lado, aquela conversa de que os produtos em lata são cheios de conservantes não é bem assim. Uma das vantagens apontadas por quem trabalha com enlatados é justamente a possibilidade de dispensar o uso de conservantes químicos – o que não quer dizer que ninguém os utilize. Na dúvida, sempre confira o rótulo.
Conheça os prós e os contras dos principais tipos de enlatados e saiba como escolher o alimento mais adequado às suas necessidades, dentro ou fora da lata.
Sardinha
Por ser rica em ômega 3, a sardinha é muito bem-vinda em uma dieta equilibrada. Mas nem sempre é fácil encontrá-la à disposição em sua versão natural. Nesse caso, o enlatado pode ser uma boa opção.
– Também tem a vantagem do armazenamento, já que o natural dura somente alguns dias, e o enlatado costuma ter uma durabilidade bem maior – diz a nutricionista clínica Ana Carolina Bragança. Além disso, a versão em lata tem mais cálcio do que a natural.
Atum
É quase o mesmo caso da sardinha: uma ótima fonte de ômega 3 que nem sempre se encontra por um preço acessível. Seria melhor se desse para optar pela versão natural, mas, entre comer o enlatado e não consumir, a primeira opção é mais interessante.
Milho
Poupar-se do trabalho de tirar o milho de uma espiga é realmente tentador e, provavelmente, um dos grandes atrativos do enlatado. O maior problema do alimento nessa versão, do ponto de vista nutricional, é o teor de sódio, que é cerca de 10 vezes maior do que o natural. Além disso, o milho costuma perder uma boa quantidade de fibras no cozimento. Uma opção para quem quer praticidade, mas sem o ônus do enlatado, é a versão congelada.
Ervilha
Assim como o milho, a ervilha enlatada também tem menos fibras que a in natura. O que preocupa mais nessa versão, no entanto, é o teor de sódio, que chega a ser cem vezes maior. Nesse caso, optar pelo alimento congelado é a forma prática mais saudável de consumi-lo.
Pêssego
As frutas são, provavelmente, os enlatados mais difíceis de defender. Isso porque, durante o processo de cozimento, elas perdem muito em fibras e antioxidantes. O que sobra é uma fruta pobre em nutrientes e rica em açúcar, que fica concentrado na calda. Uma opção para ter o alimento conservado por mais tempo são as versões desidratadas:– São um bom meio termo. Embora tenham um índice glicêmico maior do que as frutas ao natural, ainda são mais saudáveis do que as em lata – diz Ana Carolina Bragança.
Abacaxi
O caso é parecido com o do pêssego, mas um pouco pior, porque a fruta enlatada perde bromelina, aquela enzima presente no abacaxi ao natural que ajuda a digestão. Além disso, a calda do abacaxi geralmente é ainda mais grossa do que a do pêssego. O ideal é evitar essa versão: capriche na canela e delicie-se com a fruta in natura.
Polpa de tomate
Por ser resultado de um processo de cozimento, a polpa de tomate enlatada costuma ter mais licopeno concentrado – substância antioxidante que protege as células contra radicais livres. Mas não se deixe seduzir apenas por esse número. Preparar o próprio purê em casa, com tomates in natura, produzirá o mesmo efeito. E resultará em um molho com bem menos sódio do que a versão em lata. – Uma opção é comprar vários tomates, tirar um dia da semana, preparar o purê e congelá-lo em vidro – aconselha Maribel Melo.