Confirmado na quinta-feira, o segundo caso de bebê nascido com microcefalia relacionada à doença não teria despertado suspeitas da rede de saúde durante o pré-natal. Trata-se de um menino, nascido em Cachoeira do Sul, na Região Central. A mãe relatou ter viajado a Campinas (SP) nos primeiros meses de gestação. Ela teria apresentado sintomas do vírus, mas os teria confundido com uma alergia a amendoim. Durante o acompanhamento antes do parto, a malformação no feto não teria sido notada:
– Ela teve o pré-natal normal, com 10 consultas e não foi identificado nada até porque ela não acusou nenhum tipo de anomalia que tivesse ficado doente– disse, em um primeiro momento, a secretária da Saúde do município, Marta Caminha.
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Mais tarde, Marta voltou atrás e disse que antes do nascimento já havia uma desconfiança de que o bebê teria a malformação:
–No pré-natal, houve algumas suspeitas e aí o caso passou a ter um acompanhamento.
A criança nasceu em outubro no Hospital de Caridade e Beneficência, com perímetro cefálico de 31 cm, abaixo dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que são de 31,9 cm em meninos e 31,5 cm em meninas.
Em entrevista ao Jornal do Povo, a coordenadora da área materno-infantil do hospital, Elisiane Maciel da Rosa, confirmou que a incidência da doença não era esperada:
– Foi uma surpresa para todos, porque nenhum exame havia apontado problema no desenvolvimento do feto – disse ao jornal.
A investigação do caso e o atendimento à criança ocorrem no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde o bebê é atendido pelos serviços de Neurologia e Genética. De acordo com a médica geneticista do Clínicas Maria Teresa Vieira Sanseverino, o menino vai ter o acompanhamento na instituição com exames e avaliações, mas outros procedimentos como a fisioterapia, por exemplo, devem ser feitas no próprio município.
Em todo o Brasil, já há o registro de 1046 crianças que nasceram com microcefalia. Destas, 170 tiveram a confirmação de que a malformação estava relacionada ao zika vírus.