O marido da moradora de Montenegro Maria Eliane da Mota Zanette viu a esposa batalhar por dois meses até conseguir as cápsulas de fosfoetanolamina, mas morrer um mês depois de iniciar o tratamento. Durante esse período, já em fase terminal, Maria aparentou pouca melhora na saúde mas, segundo Elizeu Romeu Weber, teve as esperanças renovadas para enfrentar o câncer até o fim.
Sua esposa apresentou melhora durante o tratamento?
No caso dela, infelizmente, não deu resultado. Ela tomou durante 15 ou 20 dias, então não deu para notar alguma diferença. As pessoas já perguntaram se não deu efeito contrário também, acelerando a morte dela, mas creio que também não foi isso. O câncer estava bem avançado.
Ela passou a se sentir melhor quando começou a tomar as cápsulas?
A gente pegou as cápsulas em 30 de dezembro, e ela faleceu em 30 de janeiro. Tomava três por dia. A melhora que eu notei nela foi só no emocional, na vontade dela de tomar e ter aquela esperança renovada, isso ajudou muito para ela não se entregar. Quando ela descobriu a fosfoetanolamina, correu atrás, e eu só imagino como seria se ela não tivesse colocado as mãos nessas cápsulas. Seria ainda mais triste. Pelo menos as pílulas deram a ela o ânimo de se levantar, de lutar.
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O senhor também acreditava no tratamento?
Com certeza. Tinha confiança nisso. Ela descobriu por meio de um outro senhor que estava tomando, e levamos quase dois meses tentando conseguir as cápsulas. Essa conquista nos ajudou muito. Na última semana em que ela estava sedada, ela ainda tomou. Mas aí já não conseguia mais engolir direito. Enquanto ela tinha forças, ela pedia. Tomava de manhã, ao meio-dia e à noite.
Ela ingeriu fosfoetanolamina enquanto seguia com a quimioterapia?
Ela até tinha parado de fazer quimioterapia nos últimos dias, porque não fazia mais efeito. Pararam a radioterapia também. A dor era muito forte, era terrível, e o tratamento era mais para amenizar isso.
* Zero Hora