Dois cientistas envolvidos nas pesquisas sobre a fosfoetanolamina entraram com um ofício na Defensoria Pública da União contestando os resultados dos testes que apontaram baixa eficácia da substância no tratamento do câncer. No documento, encaminhado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – responsável pelo grupo de trabalho destacado para fazer as avaliações –, os pesquisadores indicam diversos questionamentos técnicos sobre os exames laboratoriais divulgados na semana passada.
Leia mais:
Fosfoetanolamina passa no Senado apesar de fracasso em testes
"Os resultados acendem uma luz amarela", diz pesquisador
O ofício inclui perguntas do desenvolvedor da substância, Gilberto Chierice, que é professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), e do pesquisador da fosfoetanolamina Durvanei Augusto Maria, ligado ao Instituto Butantan. Os pesquisadores pedem esclarecimentos sobre diversos testes, como os que identificaram que a substância precisaria ser aplicada em grandes doses para ter efeito e que as pílulas continham menor composição da droga ativa que de outras substâncias.
– O ministério tem agora um prazo de 10 dias para responder, rebatendo individualmente cada argumento. Se as respostas não forem convincentes, uma ação pode levar inclusive à anulação dos testes – diz o defensor público federal Daniel Macedo, responsável pelo ofício.
Doutor em Imunologia pela USP, Durvanei expôs sua "indignação e repulsa pela maneira como os estudos foram realizados e comunicados à opinião pública". Então integrante do grupo de trabalho sobre a fosfoetanolamina nomeado pelo governo federal, representando os pesquisadores da substância, ele também anunciou seu desligamento do grupo "para que possa preservar os princípios éticos e morais, envolvidos na pesquisa".
A reportagem tentou falar com o MCTI na noite desta quarta-feira, mas não conseguiu contato.
* Zero Hora