Foi-se o tempo em que as pessoas pensavam antes de falar. Foi-se o tempo também em que se pensava antes de agir. Atualmente, em tempos de velocidade medida em bits, vence quem age mais depressa - independentemente de estar certo ou errado.
No dicionário, moral tem ligação estreita com honestidade, justiça e bons costumes. Honestidade tem ligação com pudor; justiça com, razão; e bons costumes, com hábitos corretos. Logo, a moral está em processo nítido de extinção.
Percebo que é cada vez maior o número de famílias que não têm se questionado acerca do que privilegiar na educação dos seus pequenos; e quando se questionam, dificilmente encontram respostas. Na pressa, não sabendo o que fazer, buscam apenas deixar as crianças mais "espertas" para jamais ficarem em desvantagem.
E é essa ânsia pela dianteira, pela superioridade, pelo proveito, vista desde as reportagens que veiculam em nossos televisores diariamente - quando quem deveria zelar pelo bem social age apenas em favor do seu próprio benefício - até o nosso convívio de rotina - quando a vizinha não respeita o horário de colocar o lixo na lixeira, o motorista pega a vaga destinada à gestante, e o passageiro comum senta no lugar reservado ao deficiente - que vai minando a nossa mente, poluindo nossos pensamentos e nos incitando a agir de forma demasiadamente egoísta, para que, ao menos, não nos sintamos tão bobos.
Então, a crise moral transforma o planeta em uma grande indústria de egocêntricos e chatos. Egocêntricos por viverem em busca de seu próprio bem-estar - esmagando quem ousar se sentir melhor que eles. E chatos, por buscarem exaustivamente culpados por seus próprios infortúnios.
Assim, as nossas crianças vão formando suas ideias acerca do que é certo e do que é errado - numa sociedade formada por adultos que perderam a noção dessa diferença. E não há milagre. Só por meio delas - nossas crianças - podemos modificar o mundo. Mudar o que nos incomoda, o que nos amedronta, o que nos machuca, o que nos desagrada. Elas não têm culpa de estar recebendo, das nossas mãos, uma sociedade desestruturada e falha. E por não terem culpa, merecem todo o nosso apoio, o nosso esforço e a nossa otimização no reparo do que, por nossos consecutivos erros, não está "funcionando" direito.
Comecemos mudando nossos pequenos hábitos defeituosos, passemos a olhar para nossos próprios equívocos - consertando-os - e, aos poucos, transformando o que em nós está dissoluto. E assim, por meio do nosso exemplo, estaremos construindo o futuro. Um futuro com seres humanos mais honestos, justos e de bem. Sinônimo de uma sociedade sem crise - ao menos moral.