Em meio à ameaça global do zika, laboratórios de diversos países anunciaram esforços para o desenvolvimento de vacinas contra o vírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que pelo menos 12 grupos de oito países pesquisam, atualmente, uma solução – que, se for encontrada, ainda vai demorar alguns anos para chegar aos hospitais e postos de saúde.
A maior parte dos estudos está em estágio inicial de desenvolvimento e, na expectativa mais otimista, só vai resultar em algum produto para uso humano dentro de três anos.
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Há pelo menos dois obstáculos para a criação mais rápida de uma vacina contra o zika. O primeiro é a falta de conhecimento sobre o vírus. Pouco se tinha ouvido falar a respeito da doença até meados do ano passado, e seus efeitos (febre, erupções na pele, coceira e dor muscular) eram considerados leves até ser levantada a hipótese de relação com a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. Falta descobrir como o zika afeta o organismo, se pode ser transmitido entre pessoas, como o sistema imunológico pode se proteger da infecção, entre muitas outras coisas.
O segundo obstáculo é que o desenvolvimento de uma vacina é um processo lento. É preciso criar um produto seguro, eficaz e de pronta entrega, que proteja crianças, adultos e grávidas, testá-lo em animais e fazer estudos clínicos com humanos – etapas que, em geral, levam uma média de 10 anos para serem concluídas. Institutos de saúde e empresas farmacêuticas anunciaram métodos diferentes de estudos para combater o vírus.
Uma esperança de desenvolvimento mais célere está na possível semelhança do zika vírus com a dengue. Cientistas de Estados Unidos, França e Brasil, que têm estudos avançados na criação de uma vacina contra essa outra doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, trabalham com a mesma "plataforma" como ponto de partida. A primeira vacina contra a dengue, aprovada no Brasil em dezembro, levou quase 20 anos para ser criada e receber registro em um país.
– Pesquisamos se há uma imunidade cruzada entre os vírus, o que seria uma boa notícia – explicou, por meio de nota, o diretor-geral do laboratório francês Sanofi Pasteur, Olivier Brandicourt.
O laboratório produz vacinas licenciadas contra a febre amarela, a encefalite japonesa e, agora, também contra a dengue. No momento, a OMS seleciona as pesquisas existentes na área para determinar quais devem ter prioridade. A organização também pretende facilitar os trâmites regulatórios para a aprovação dos testes clínicos nos países, reduzindo a burocracia, e compartilhar amostras e informações entre grupos de pesquisa sobre o zika.