E a volta às aulas está aí. Mais uma vez, pais, crianças e professores se preparam para o retorno à rotina, os afazeres diários, as tarefas de casa, o estudo e a organização, não só das mochilas como do tempo!
O início do ano letivo pode ser um excelente momento para se (re)pensar algumas práticas que, na correria insana do dia a dia, não paramos para avaliar e acabamos deixando no velho "piloto automático". Quer ver só?
Decisões como: onde deixar o filhote no turno oposto ao da aula, cursos e esportes que serão praticados durante o ano, dias que terão livre para descanso ou qualquer outra coisa? Como as crianças irão ou voltarão da escola em cada dia da semana? Agendar as reuniões do ano inteiro para que pai, mãe ou ambos sempre estejam presentes, verificar se os uniformes ainda estão servindo, organizar o espaço para os estudos (com limpeza, materiais necessários e de fácil acesso, claridade e distância de qualquer distração)... Além disso, é preciso tempo para maior interação e o "vazio" necessário para que haja autonomia, iniciativa e autoria por parte da criança - dentro da possibilidade de cada faixa etária, claro!
Durante o ano, nos observamos em situações que nem sempre são fáceis ou simples de serem solucionadas, mas que com um pouco de paciência, reflexão e vontade, conseguimos enfrentá-las e até resolvê-las. Porém, quando vemos nossos filhos passando por semelhantes provações, nem sempre conseguimos lhes dar o espaço imprescindível para que percebam o que está acontecendo e criem estratégias para lidar com a questão. Há momentos em que esse espaço não é dado nem mesmo em acontecimentos rotineiros e de fácil resolução. Pais e mães, às vezes, são tão proativos que, sem a menor intenção, acabam tolhendo a iniciativa e a coragem das crianças.
Por mais que isso seja tentador, é muito benéfico, a médio e longo prazo e, dependendo da situação, até a curto prazo, que nossos filhos consigam agir com independência, liberdade e responsabilidade. Num primeiro momento pode parecer abandono, mas não passa de investimento no futuro emocional e social deles.
Há situações em que a imprescindibilidade é apenas nossa, seja ela criada pela nossa vaidade ou pela nossa insegurança. Independente disso, fiquemos um pouco nos bastidores esse ano, e deixemos que nossos filhotes se aventurem pelos palcos da vida. Asseguro-lhes que o orgulho de vê-los enfrentando o mundo será maior do que a angústia pela possibilidade de vê-los sofrerem. Podem confiar!
No divã
Lisandra Pioner: a escola inclusiva
A colunista escreve mensalmente no caderno Vida
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