Andar de bicicleta por lazer, esporte e transporte é uma atividade que explodiu nos últimos anos e é provável que continue crescendo, pois é cada vez maior o número de lugares que abrem ciclovias e começam programas de compartilhamento de bikes. Mas, como é de se esperar, com essa expansão há o aumento de lesões relacionadas ao ciclismo.
Embora haja alguma verdade no termo "segurança nos números" - isto é, o risco deve diminuir com o aumento no número de ciclistas e com os motoristas habituados a partilhar as ruas com eles - tanto uns quanto outros têm muita coisa a aprender. Infelizmente, ainda estamos engatinhando nesse aspecto.
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Em estudo recente, publicado no Journal of American Medical Association (Jama), é relatado um aumento de lesões e hospitalizações relacionadas ao ciclismo entre adultos no período de 1998 até 2013 no Estados Unidos. Com uma adequação à idade, os ferimentos relatados aumentaram 28% e as internações resultantes 120%. Houve também um aumento de 40% para 56% de acidentes que ocorreram nas ruas.
As lesões envolvendo braços e pernas diminuíram ao longo dos anos do estudo, mas houve um aumento nas mais graves: 60% para os ferimentos na cabeça e 20% para ferimentos no tronco. Essa é a má notícia. A boa, Benjamin Breyer, autor do estudo, explica:
- Os benefícios do ciclismo para o sistema cardiovascular e a sensação geral de bem-estar superam os riscos. Andar de bicicleta é uma maneira fantástica de passear por uma cidade. E é ótimo para aumentar a força muscular e o equilíbrio. Mas, as pessoas precisam aprender a andar com segurança.
É necessário acrescentar que ruas e estradas precisam ser mais seguras para a atividade - e mais motoristas têm de aprender a prestar atenção nos ciclistas que compartilham a mesma via e a tratá-los com todo o respeito, não como alvos.
Breyer, cirurgião urológico da Universidade da Califórnia, diz que uma das descobertas mais marcantes do estudo foi a mudança da faixa etária dos ciclistas feridos nos Estados Unidos.
- Andar de bicicleta é hoje muito mais popular entre as pessoas com mais de 45 anos - afirma ele, acrescentando que os mais velhos agora apresentam um índice desproporcional no número e na severidade dos ferimentos.
O interesse de Breyer nos acidentes de bicicleta foi estimulado em parte pelo grande número de lesões genitais e do trato urinário que encontrou entre os ciclistas, muitas vezes causadas por batidas no guidão ou na barra da bicicleta após uma queda. Em outro relatório, ele e alguns colegas descobriram que as bicicletas estavam envolvidas em cerca de um terço das lesões genitais ou urinárias em crianças e adultos, mais do que em qualquer outro esporte.
Outros pesquisadores, como John Pucher e Lewis Dijkstra, lamentaram "as condições inseguras enfrentadas por ciclistas na maioria das cidades americanas". "Por quilômetro e por trajeto, os ciclistas americanos têm o dobro de probabilidade de morrer em comparação com os ciclistas alemães e três vezes mais que os ciclistas holandeses", escreveram. Infelizmente, os dados não falam da realidade brasileira.
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