Pessoas que costumam fazer cara feia diante de uma refeição apimentada talvez comecem a pensar duas vezes antes de recusar um prato picante se conhecerem o lado bom da pimenta. Assim como uma variedade de plantas que entram no carrinho do supermercado devido aos benefícios que proporcionam à saúde, as do gênero capsicum - que engloba os tipos de pimentas mais consumidos e usados na culinária - também são consideradas alimentos funcionais. Além de nutrir, ajudam a reduzir o risco de doenças. Segundo a nutricionista e professora da UniRitter Marina Azambuja Amaral, o princípio ativo contido na pimenta responsável por esses ganhos é a capsaicina, um componente químico que ativa os receptores das papilas gustativas.
- As mais de 150 variedades desse gênero são classificadas conforme o grau de ardência, que aumenta de acordo com a quantidade de capsaicina - explica.
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Algumas substâncias encontradas nas pimentas, como as vitaminas A, E e C, atuam contra radicais livres e na prevenção de doenças crônicas, como câncer e diabetes. Uma série de estudos comprova que essas plantas ajudam a evitar a coagulação sanguínea - complicação que resulta em trombose -, a reduzir o nível de glicose e de estabilidade de insulina e a cicatrizar feridas. A pimenta também têm ação anti-inflamatória e antibacteriana, podendo impedir a proliferação de fungos e bactérias.
Alimentação saudável ajuda na cicatrização de ferimentos
Introduzir alimentos picantes na dieta pode contribuir para a perda de peso. Os compostos da pimenta influenciam a liberação de endorfina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e pelo humor, o que estimula o sistema nervoso a reduzir o apetite. De acordo com Marina, não há evidência suficiente de que a pimenta ajude a acelerar o metabolismo. No entanto, a nutricionista explica que as pessoas são levadas a pensar que o alimento tem alguma relação com o gasto calórico pelo fato de a ardência aumentar a temperatura corporal.
A pimenta é um alimento de baixa caloria e cheio de princípios que ajudam a prevenir doenças e ganho de peso. A especialista adianta que, de forma geral, não
há restrição quanto ao consumo da planta, desde que ela seja ingerida com moderação.
- O excesso de pimenta na alimentação está associado ao desencadeamento de gastrite em pessoas que já têm pré-disposição à doença -explica Marina, que não indica o consumo para quem está sofrendo com o problema e ressalta que, mesmo quando essa inflamação estiver controlada, deve-se ingerir o alimento em baixas quantidades.
Segundo a nutricionista, o excesso de pimenta também pode implicar perda de sensibilidade das papilas gustativas, dificultando a percepção de sabor.
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Desidratadas, frescas, como tempero, em receitas e até mesmo in natura. As várias opções de consumo das pimentas ressaltam por que elas são cada vez mais indicadas por especialistas como aliadas de uma alimentação saudável. Fáceis de encomtrar, esses alimentos são mais recomendados para serem utilizados como condimentos ou como ingredientes em receitas - em risotos, saladas, sucos, chás e doces (veja ao lado como preparar uma geleia de pimenta).
- Quase todos os tipos de pimentas podem ser utilizados na culinária. Mas indica-se dar preferência àquelas com baixa ardência - afirma Marina, que faz mais um alerta quanto aos exageros. Segundo ela, muita pimenta pode anular o sabor de outros ingredientes e comprometer o sabor dos pratos.
No entanto, devido ao seu gosto (que nem sempre agrada), a pimenta não tem acesso tão fácil à cozinha dos gaúchos. Uma dica para quem quer incluir a especiaria na dieta é começar a usar as que têm sabor menos picante e, gradativamente, ir dando preferência às mais fortes. Nas receitas, também é indicado mesclar pimenta e pimentão, que é uma variedade doce do gênero de planta capsicum.
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Dicas:
Em receitas em que a pimenta aparece entre os ingredientes, a quantidade de sal pode ser reduzida, sem haver perda do sabor. A pimenta estimula a salivação e o paladar, enriquecendo o gosto dos alimentos
Tomar água gelada em situações em que se consumiu um alimento com muita pimenta - e que acabou resultando em calor e vermelhidão - é a solução mais eficaz para amenizar a ardência. Deve-se evitar qualquer medicação a fim de aliviar a situação.