A taxa de detecção de aids no Brasil - novos casos para cada 100 mil habitantes - teve a maior queda dos últimos 12 anos. O índice caiu de 20,8 em 2013 para 19,7 em 2014, uma redução de 5,5%. Isso representou cerca de 40 mil novos caso no último ano.
Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira, Dia Mundial de Luta contra a Aids. Desde o início da epidemia de aids no Brasil, em 1980, até junho de 2015, foram registrados 798.366 casos da doença.
O aumento do caso entre os jovens, relatado em reportagem especial de Zero Hora nesta terça-feira é tido como uma das maiores preocupações do governo:
- Nos preocupa a questão dos jovens, nos parece que teve um relaxamento. A campanha deste ano contempla exatamente este segmento. Trazer os jovens para as discussões e os debates - afirmou o Ministro da Saúde, Marcelo Castro.
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Em 2004, a taxa de detecção entre jovens de 15 a 24 anos era de 9,5 casos a cada 100 mil habitantes, o que equivale a cerca de 3,4 mil casos. Já em 2014, esse número foi de 4,6 mil casos, representando um taxa de detecção de 13,4 casos por 100 mil habitantes, um aumento de 41% na taxa de detecção nessa população.
- Este é um fenômeno geracional que tem nos preocupado. Vários podem ser os fatores que levam a esse crescimento. Trata-se de uma geração muito mais liberal do que a anterior em relação às questões sexuais. Além disso, é uma geração que não viveu o auge da epidemia de aids nos anos 80, quando muitos ídolos da juventude morreram de forma dramática - disse Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da pasta.
A mortalidade relacionada à doença também caiu. Desde 2003, houve uma queda de 10,9% no índice, que passou de 6,4 óbitos por 100 mil habitantes para 5,7. Em números absolutos, 12.449 soropositivos morreram por causa do vírus no último ano.
Os casos de transmissão vertical, de mãe para filho, também apresentam queda. Entre 2013 e 2014, houve redução de 9,7% na taxa de detecção em menores de cinco anos: de 3,1 para 2,8 por 100 mil habitantes.
Já taxa de detecção de gestantes com HIV no Brasil vem apresentando tendência de aumento nos últimos dez anos. Em 2005, a taxa observada foi de 2,0 casos para cada mil nascidos vivos, a qual passou para 2,6 em 2014, indicando um aumento de 30,0%.
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O Ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou que o país quer o primeiro a cumprir duas metas da Organização das Nações Unidas (ONU). A primeira é para diagnosticar 90% das pessoas que vivam com HIV, dar tratamento a 90% dessas e fazer com que 90% do último grupo tenham carga viral indetectável - efeito do tratamento que reduz a quase zero a chance de transmissão. O objetivo deve ser cumprido até 2020. Já a segunda meta é para eliminar a epidemia até 2030.
De todas as pessoas que o governo estime estarem infectadas, 80% tinham conhecimento da sorologia em 2012, contra para 83% em 2014. Isso significa que o país ainda precisa detectar o vírus em 7% do público-alvo. A estratégia do Ministério da Saúde é ampliar a testagem.
A grande novidade na área para 2016 é o autoteste de farmácia. Anunciado na última semana, o exame teve aprovação oficinal na segunda-feira, quando Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução que permite a comercialização dos produtos. A expectativa é que eles estejam nas prateleiras até metade do próximo ano.
- Isso beneficiará as pessoas que têm vergonha de fazer o exame no posto (de saúde) - explicou Mesquita.
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Até setembro deste ano, o número de testes de HIV realizados no país já superou em 22,4% os números do ano passado. Em 2014, foram realizados 7,8 milhões de exames, contra 9,6 em 2015.
Já a adesão ao tratamento passou de 44% em 2012 para 62% no último ano, um aumento de 43%. De 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no Sistema Único de Saúde aumentou 53,2%, passando de 231 mil pessoas para 450 mil.
Ainda em 2015, foi possível observar um crescimento de 41% no número de pessoas com sistema imunológico não comprometido. Em 2014, esse número era de 37% dos pacientes. Já a proporção das pessoas que chegam aos serviços com diagnóstico tardio, apresentando comprometimento imunológico sério, passou de 31% em 2009 para 25% em 2015.
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O exame é feito com o fluído oral e fica pronto em cerca de 20 minutos. Os produtos deverão conter informações claras que indiquem seu uso seguro e eficaz, incluindo ilustrações sobre a obtenção da amostra, execução do teste e leitura do resultado.
A norma também responsabiliza os produtores para o esclarecimento quanto à janela imunológica humana - intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus e a produção de anticorpos no sangue -, bem como orientações de conduta do indivíduo após a realização do teste.
A Anvisa estabeleceu ainda que os produtores devem disponibilizar uma central telefônica de suporte ao usuário 24 horas, sete dias da semana, além de uma embalagem contendo indicação do serviço Disque Saúde do Ministério da Saúde (136).
Leia a reportagem sobre jovens e HIV clicando na imagem abaixo:
Nesta terça-feira, Zero Hora contou três histórias para discutir motivos, prevenção e preconceito do aumento de casos em jovens: Giovane, que descobriu o vírus aos 16 anos, Carla, que descobriu o HIV durante o pré-natal, e Natália que recebeu o resultado quando tinha 25 anos.