O bullying sofrido na adolescência pode ser a causa de depressão em cerca de 30% dos adultos que sofrem com o distúrbio. A afirmação é de uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, que, embora tenha apresentado limitações, conseguiu encontrar uma ligação entre os dois problemas em diferentes fases da vida.
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Em um estudo observacional, uma equipe de pesquisadores analisou a adolescência e o início da fase adulta de quase 4 mil pessoas. Os participantes, de 13 anos, responderam a um questionário sobre a ocorrência de bullying durante a fase na qual se encontravam. Quando chegaram aos 18 anos, foram submetidos a mais perguntas, mas dessa vez, sobre possíveis sintomas e casos de depressão.
Dos 683 jovens que sofriam bullying frequentemente - mais de uma vez por semana - aos 13 anos, 14,8% eram depressivos aos 18, em comparação a 7,1% dos 1.446 indivíduos que relataram assédio moral de uma a três vezes durante um período de seis meses.
De acordo com os resultados, apenas 5,5% das pessoas que afirmaram não terem sofrido bullying durante a primeira fase da adolescência eram depressivas. Além disso, cerca de 10,1% do grupo que sofreu intimidações com frequência apresentou depressão por mais de dois anos. Nesse caso, o índice caiu para 4,1% entre as pessoas que não relataram bullying.
O estudo também mostrou que outros fatores comportamentais - problemas mentais, conflitos na família e estresse - também influenciaram os sintomas de depressão em pessoas que sofriam assédio moral com frequência: a tendência de desenvolver o distúrbio no futuro foi duas vezes maior.
Entre os relatos de bullying, os mais comuns foram xingamentos (36%) e pertences levados (23%).
E ainda conforme os resultados, a maioria dos participantes contaram que nunca se sentiram à vontade para falar sobre o bullying físico sofrido com pais ou professores.
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Embora este seja um estudo observacional sem conclusões definitivas sobre causa e efeito, os responsáveis pela análise acreditam que intervenções para reduzir o bullying em escolas podem ajudar a reduzir os níveis de depressão futuramente.
Os resultados foram publicados no The British Medical Journal (BMJ).