Novas descobertas revelam que o sarampo pode afetar o sistema imunológico por até três anos, expondo os sobreviventes a um risco maior de contrair outras doenças infecciosas e potencialmente mortais.
Estudos anteriores já haviam comprovado que a doença pode suprimir as defesas naturais do organismo durante meses. Porém, os resultados de uma pesquisa recente, publicada na revista Science, demonstram que os perigos do sarampo - evitável com vacina - persistem por muito mais tempo, varrendo as essenciais células de memória, que armazenam informações sobre agentes infecciosos e protegem o corpo contra infecções como pneumonia, meningite e doenças parasitárias.
- Trocando em miúdos, se você contrai a doença, pode correr o risco de, até três anos depois, morrer por algo que não seria fatal caso não houvesse a infecção por sarampo - explica Jessica Metcalf, coautora do estudo e professora na Universidade de Princeton, Estados Unidos.
O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo e costuma provocar erupção cutânea e febre, levando o indivíduo a complicações perigosas, como infecções pulmonares, inchaço no cérebro e convulsões.
De acordo com pesquisadores, depois que a vacina contra o vírus foi introduzida há 50 anos, a mortalidade por sarampo começou a cair na Europa e nos Estados Unidos, assim como as mortes por outras doenças infecciosas.
Após analisarem as mortes de crianças com idades entre um e 14 anos na Europa e nos Estados Unidos, tanto em eras pré e pós-vacina, os especialistas identificaram uma correlação muito forte entre a incidência do sarampo e mortes por outras doenças, revelando um 'período de latência' médio de aproximadamente 28 meses após a infecção por sarampo".
- Nossas descobertas sugerem que vacinas contra o sarampo têm benefícios que vão além da simples proteção contra o sarampo em si. É uma das intervenções com melhor relação custo benefício para a saúde global - afirma Michael Mina, principal autor do estudo e estudante de medicina na Universidade Emory.
AFP*