São muitos os "nãos" que recebemos em diferentes situações da vida, mas as principais recusas do ponto de vista afetivo ou afetivo-sexual marcam. Qual a rejeição mais importante sofrida por você? Entendo... A paquera fugiu do seu beijo e todos debocharam de você. Já ela relembra, pela milésima vez, o "pé na bunda" que levou pelo WhatsApp na véspera do Carnaval, após um ano de namoro. O cinquentão recém-separado lembra-se da disfunção erétil ao colocar a camisinha, e que a menina sorriu. O marido não esquece a confissão da esposa que, apesar de amá-lo, diz estar sem libido e transa por obrigação.
Se sempre todos o amaram, o aceitaram e o apoiaram, talvez você seja novo demais e ainda não viveu o suficiente. Cultivar o sofrimento ou superá-lo com facilidade ou com dificuldade está na dependência da autoestima. Como se adquire boa autoestima?
Autoestima, autovaloração e amor próprio são construídos, inicialmente, pela interação com os pais ou um cuidador. Há pais que demonstram de modo fácil o seu amor pelos filhos, como existem maneiras tortuosas de amar e algumas quase indecifráveis. A forma de amar depende da flexibilidade dos pais em admitir o amor e da hierarquia dos seus valores. O perigo em exaltar os bens materiais dados como representação de amor, além de ensinar aos filhos sobre o que importa ao casal, promoverá leitura de desamor no caso de empobrecimento. Sabemos que há pais negligentes, violentos e até malévolos. Nessas situações, como nas de abandono, o acolhimento por um cuidador amoroso poderá desenvolver boa autoestima na criança.
Essa questão de desamor dos pais não lhe interessa... Apesar disso, você admite que seja queixa frequente das namoradas o seu ciúme patológico. Outro costuma romper relacionamentos pois é carente e todo o amor recebido nunca foi suficiente. Ah... os amigos reclamam das inúmeras brigas e falam que vocês têm um namoro doentio. Bem, talvez esteja na hora de repensar a rejeição infantil sentida e negada por você.
Talvez, no fundo, você pense: como alguém irá amá-lo, se seus pais não o amaram? Isso é uma condenação? Sim e não, depende de você. Muitas vezes, temos de reconhecer o afeto de pessoas próximas que as transformam em pais de coração, que escolheram amar. O ato biológico de procriar não desenvolve, por si só, o vínculo amoroso pelo ser gerado. O ato de amar é uma predisposição a ser exercida, é uma tarefa que exige muito tempo, doação e respeito. Existem pessoas confiáveis, e o parceiro é diferente dos seus genitores.
Infelizmente, todos experienciamos algum tipo de negativa e frustração, faz parte do viver entre humanos. Dói? Sim, as que são importantes doem muito. Entre todas as rejeições, talvez a maior ou a primeira mais importante seja a de algum genitor, pois, se não resolvida, pode influenciar a forma como você lida com seus relacionamentos e as desilusões afetivo-sexuais.