Das 20 cidades com maior concentração de pessoas com mais de 60 anos, 18 são gaúchas. Os dados vêm do Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Porto Alegre é a capital que concentra não apenas o maior número de idosos, mas também a maior população de longevos, que são as pessoas que já passaram dos 80 anos. Coqueiro Baixo, no Vale do Taquari, lidera o ranking nacional de municípios com mais pessoas acima dos 60. Dos 1528 habitantes do município, 29,38% são idosos. No Brasil, 10,8% da população pode ser considerada idosa.
Cidades da Serra e do Vale do Taquari lideram ranking de população proporcional de idosos
Em Coqueiro Baixo, no Vale do Taquari, idosos representam mais de 20% da população
Até 2030, a população do Rio Grande do Sul deverá crescer apenas uma Canoas
Fazer com que as secretárias de saúde, assistência social e educação trabalhem juntas é o segredo, de acordo com o prefeito Verissimo Caumo, que concedeu entrevista à Rádio Gaúcha. Aos 70 anos, Caumo aponta que assim como todo jovem precisa estar na escola, todo idoso precisa ter uma atividade para garantir qualidade de vida.
- Das mais de 1500 pessoas que vivem em Coqueiro do Sul, quase 500 têm mais de 60 anos. Temos que nos preocupar com a vida deles e essa é nossa prioridade. Por isso, concentramos esforços em programas que vão desde a visita regular na residência dessas pessoas até bailes e eventos próprios para a terceira idade. A ideia é manter o envelhecimento ativo para que a população tenha qualidade de vida nessa fase - conta o prefeito.
Coqueiro do Sul antecipa uma tendência do IBGE para 2050 no Brasil: um terço da população, segundo o instituto, nesse ano, será de pessoas idosas. Isso significa dizer que a taxa de fecundidade vai cair ou estagnar. Quem paga a conta? Por enquanto, o Estado.
Ainda que Coqueiro do Sul mantenha 100% das crianças e adolescentes na escola e incentive os jovens a cursar o ensino superior, se não concentram os estudos nas áreas de pecuária e agricultura, precisam migrar para outras regiões.
- Eles crescem com qualidade de vida, mas ainda não temos muitas oportunidades para quem não trabalha nessas áreas - aponta Caumo.
Para o professor do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, Angelo Boss, cidades como Coqueiro Baixo evidenciam outro problema que o Brasil já enfrenta há algumas décadas: o êxodo rural.
- O município é o 495º em número de jovens com idade entre 15 e 19 anos e está no fim da lista na porcentagem de crianças de 0 a 1 ano. Há qualidade de vida, mas mais do que isso há menos pessoas nascendo e as pessoas estão se preocupando mais com viver mais e melhor. Hoje, é comum ver pessoas mais velhas se exercitando, correndo, se preocupando em ter uma alimentação adequada - explica.
O aumento da expectativa de vida é considerado uma notícia boa, para o economista Pedro Zuanazzi, economista da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul. No entanto, quem equilibra as contas da previdência são as pessoas que trabalham.
- A queda da taxa de fecundidade aumentará cada vez mais o desequilíbrio das finanças do Estado. Não há verba guardada, então quanto menos jovens trabalhando e mais pessoas se aposentando, maior o rombo na previdência. Precisamos pensar até que ponto estamos preparados para o envelhecimento. Esse é o desafio.