Pessoas que vão desenvolver o Alzheimer no futuro podem apresentar sinais da doença bem antes. A depressão, segundo pesquisas, é o principal fator de risco para o Alzheimer. Segundo o neurologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Artur Schuh, a perda da capacidade de lembrar de eventos e episódios recentes é o sinal clássico de indício da doença.
- Em geral, pessoas em estágio inicial da doença são avaliados com testes de cognição e psicológicos. Não existe um exame que possa determinar, a partir de uma marca patológica, que a doença está se manifestando - explica.
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O número de pesquisas sobre o Alzheimer têm crescido em todo mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença atinge hoje 1,2 milhão de pessoas com mais de 65 anos no Brasil. Para a Associação Brasileira de Alzheimer, o número deve dobrar até 2030.
Um estudo divulgado no periódico Neurology apontou que pessoas que apresentam mudanças de comportamento durante a fase adulta tem 90% mais chances de desenvolver o Alzheimer durante a terceira idade. Entre essas mudanças estão a depressão, a ansiedade e a agitação.
- Os resultados da pesquisa sugerem que essas alterações começam antes de o indivíduo ter uma demência diagnosticável - afirmou Catherine Roe, professora da School of Medicine University, nos Estados Unidos, que fez parte da equipe que coordenou o estudo que analisou, durante sete ano, 2416 pessoas com mais de 50 anos com problemas de cognição. Desses, mais de 50% desenvolveram Alzheimer.
Catherine reconhece que ainda é preciso desenvolver mais pesquisas sobre o tema para desvendar a resposta sobre o processo que leva ao Alzheimer.
- A depressão pode ser uma resposta ao processo psicológico do Alzheimer, assim como outras mudanças cerebrais, mas mais pesquisas precisam identificar essa relação - disse.
Para Schuh, é preciso ficar atento aos sintomas. A depressão, por exemplo, pode levar o idoso à falta de atenção e, por consequência, ao esquecimento.
- Se eu gravo menos os fatos, parece que mais esqueço dos fatos. Se um paciente é tratado e apresenta melhoras, ele não desenvolveu o Alzheimer. Em estágio inicial, são necessários cerca de seis meses de testes e avaliações para que o diagnóstico seja preciso.
O neurologista conta que a depressão é um fator de risco para Alzheimer. Em geral, pessoas com problemas de cognição apresentam níveis mais elevados de cortisol e adrenalina, hormônios associados ao transtorno depressivo e ao estresse.
- Não há cura para o Alzheimer, mas os sintomas podem ser minimizados e o desenvolvimento pode ser mais lento com atividade física e social, estímulos intelectuais e controle de fatores de risco de problemas cardiovasculares - afirmou Schuh.
São exatamente essas prescrições que protegem os adultos mais velhos da doença: quem se exercita regularmente, mantém bom relacionamento e convívio com amigos e familiares e se alimenta adequadamente dificilmente sofrerá de Alzheimer ou fatores de risco como a depressão.
Isso se comprova pela pesquisa, divulgada pelo Alzheimers Disease International (ADI), que aponta que quem não é diabético tem 50% menos risco de desenvolver a doença. Isso porque o excesso de glicose e insulina danifica as áreas do cérebro responsáveis pela memória. Obesidade, sedentarismo e tabagismo também podem afetar artérias do cérebro, diz o estudo.
Exatamente porque essas são as características comuns de quem desenvolve Alzheimer que uma pesquisa divulgada na revista médica The Lancet Neurology aponta que um terço dos casos da doença poderiam ser evitados. A doença se manifesta, em geral, depois dos 65 anos, mas é bem antes que se trata:
- Exercícios, alimentação saudável e amizade devem ser cultivados desde a juventude. Tais atividades certamente vão determinar que um idoso não tenham declínios tão graves em sua saúde - apontou o neurologista.