Ainda existe o tal PA, o "pinto amigo", o homem disponível para saciar o desejo sexual de mulheres livres? Há 10 anos eu estava convencida que existia o "homem da manutenção" e que havia uma relação igualitária entre as pessoas que buscavam o prazer carnal e não desejavam relacionamento. Nessa época, uma vez tendo rolado a primeira sintonia sexual, as demais seriam consequências de um encontro casual no ambiente social, fruto de um telefonema e, mais raramente, por meio de algum aplicativo online. Será que as novas tecnologias para celular abriram possibilidades iguais para homens e mulheres?
No mata-mata presencial, as mulheres possuem vantagens, pois o homem é visual, o que facilita a elas seduzir visando a atingir seu objetivo de obter prazer rápido. Se o acesso ao outro apenas é feito com tecnologia online escrita, penso que a bola está com eles. Por quê? Sendo os homens mais objetivos que elas, quando não podem ou não querem ter sexo, não hesitam em se fazer de morto, em não responder ou em ser monossilábicos. Essa estratégia também será usada quando o assunto da mulher não for sexo, pois a mensagem correta precisa ser lida - nada de vínculo. Esse parece ser o comportamento padrão dos homens em relação às "peguetes" que não interessam naquele momento, ou seja, eles têm imensa facilidade de tornarem-se indisponíveis online a fim de reafirmarem a sua posição "é só sexo, hoje não". Somado a isso, não é comum o homem desejar repetir transas com a mesma mulher, ou seja, é um caçador voraz. Oposto do comportamento das mulheres, que foram educadas para ser sutis. Mesmo não pretendendo aceitar proposta sexual, elas permitem o acesso do homem visando a dar explicação para sua negativa.
Na caçada online escrita, a mulher pode ter como aliada apenas a positiva memória sexual da transa que o homem possa ter dela, entre tantas outras memórias com outras mulheres, pois o sexo casual é um fato. Sabendo disso, as mais ousadas enviam foto ou vídeo, junto ao convite, visando a despertar o apetite sexual do outro. Contudo, isso não é a norma, pois a mulher teme a exposição da sua imagem por meio do compartilhamento. Então, salvo raras exceções, o PA, totalmente disponível para um bis sexual, acessado por tecnologia online escrita, é pura ficção. Há equidade apenas quando o acesso se refere a novos parceiros sexuais temporários.
Talvez esteja na hora de a mulher refletir, mesmo desejando aventuras sexuais, sobre a sua eterna disponibilidade em ser acessada, colocando o outro no comando do encontro erótico, pois não encontra espelhamento no universo masculino. Talvez os homens estejam certos, valorizando a sua privacidade e o seu desejo de variar, não se colocando como objeto erótico disponível a qualquer momento. Claro, você, e somente você, faz suas escolhas.