Se a vulnerabilidade feminina à depressão é maior, a manifestação da doença também apresenta diferenças entre os sexos. Segundo o psiquiatra e pesquisador do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Fernandes, as mulheres tendem a apresentar mais sintomas chamados de somáticos, como dor pelo corpo, cansaço e sinais físicos de ansiedade, além de mais problemas da tireoide. As tentativas de suicídio também são mais recorrentes entre elas, apesar de o índice de morte por essa causa ser maior entre os homens.
>>Entenda por que a depressão atinge mais as mulheres
>>Como tratar e prevenir a depressão
Uma pesquisa publicada no ano passado pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) apontou outras diferenças na manifestação da depressão entre os gêneros. O estudo, desenvolvido por Mariane Lopez Molina, apontou que 70% das mulheres perdem o desejo sexual quando estão deprimidas. Entre os homens, o índice é de 40%. A forma de encarar a doença também é diferente: enquanto elas conseguem reconhecer que a depressão tem causas internas, os homens tendem a apontar situações externas, como problemas no trabalho ou mesmo o clima.
A fuga masculina em aceitar a depressão como uma doença sua também fica evidente em outro fator apontado pelo psiquiatra Marcelo Fleck: muitos homens buscam no consumo de álcool uma forma de resolver suas questões, sem procurar a ajuda de médicos e, consequentemente, o tratamento adequado. Em muitos casos, o problema acaba sendo diagnosticado como alcoolismo, e não como depressão.