Os óleos naturais mostram-se aliados na prevenção de uma série de doenças e ganham destaque principalmente pelas funções de combate ao envelhecimento e à gordura localizada. Para esse último fim, o óleo de coco foi alvo de uma moda de consumo. Agora, divide as atenções com o de cártamo, novo queridinho de quem quer eliminar os pneuzinhos na barriga.
Extraído das sementes da planta Carthamus tinctorius, de origem asiática, o óleo de cártamo tem de 60% a 80% de ácido linoleico - mais conhecido como ômega 6.
- Essa substância tem a capacidade de inibir uma enzima chamada lipase lipoproteica, que tem como função transferir a gordura presente na corrente sanguínea para o interior das células adiposas. São elas as responsáveis por armazenar a gordura corporal e que compõem o tecido adiposo do corpo humano - explica a nutricionista Bruna Murta.
Quanto mais ativa a lipase estiver no organismo, maior será a quantidade de gordura transportada para dentro das células adiposas.
- Bloqueando a ação dessa enzima, a transferência de gordura para o interior das células também fica inibida, o que obriga o corpo a utilizar a gordura acumulada como fonte de energia durante a atividade física, estimulando a lipólise (desdobramento das gorduras) - observa a nutricionista.
O óleo de cártamo também é rico em ácido oleico, o ômega 9, mais um agente importante no processo de emagrecimento.
- Ele pode auxiliar no aumento da produção do hormônio GLP 1 no intestino, que promove a saciedade - diz Bruna.
Consumo em associação com atividade física
Esses benefícios só serão sentidos se acompanhados de cuidados. Para estimular a lipólise por meio do ômega 6, é preciso promover a betaoxidação (processo químico no organismo), o que faz com que a gordura presente no corpo seja quebrada e, posteriormente, transformada em energia.
- Se isso não ocorre, ela será acumulada no fígado, trazendo uma série de prejuízos para o órgão - alerta a nutricionista funcional Caroline Matos.
Por isso, Bruna Murta desaconselha o consumo do cártamo por pessoas que têm esteatose hepática, doença caracterizada pelo alto nível de gordura alojada no fígado.
Para impedir o desencadeamento desse processo e garantir que o óleo de cártamo seja protagonista na perda de peso, o consumo dele deve estar associado à prática de atividades físicas.
- O grande problema é que muitas pessoas esperam o efeito, que não virá sozinho. Os resultados são visíveis naqueles que fazem exercícios físicos porque é dessa forma que estará sendo promovida a transformação da gordura em energia. Só a lipólise não basta - garante Caroline Matos.
Ciente disso, a técnica em enfermagem Neide Aparecida Duarte, 48 anos, começou a tomar o óleo de cártamo simultaneamente à inscrição na academia.
- Com isso, já perdi quatro quilos e percebi que o óleo tem o poder de reduzir a gordura concentrada na barriga, exatamente o lugar onde tenho mais problema - conta.
Sem efeito colateral, Neide conheceu o suplemento por meio da irmã.
- O meu personal falou que era muito bom e que eu deveria continuar malhando para ver os resultados. Pretendo manter a ingestão para perder mais peso - planeja.
Ação conjunta
Além da atividade física, outro agente deve ser incorporado à rotina diária.
- O ômega 6 deve agir em conjunto com o ômega 3. Isso porque o primeiro é inflamatório e o segundo, anti-inflamatório. O ideal seriam três partes de ômega 3 para uma de ômega 6 - aconselha a nutricionista e diretora do Conselho Regional de Nutrição de Minas Gerais, Elisabeth Chiari.
Se veias, artérias e células apenas inflamarem estimuladas pela ação do ômega 6 e não tiverem a contrapartida do ômega 3, as consequências podem ser inversas às esperadas.
- Pode provocar endurecimento das células adiposas, dificultando a perda de gordura a longo prazo - observa Chiari.
- Associar o consumo do óleo de cártamo com o de peixe é uma boa alternativa para manter o funcionamento adequado do organismo, principalmente porque a dieta rotineira tende a ser rica em muitos agentes inflamatórios, como o glúten e a lactose. Por isso, orientação profissional é essencial para definir as quantidades ideais individuais. Principalmente porque alguns começam a tomar e a ter resultados negativos e, por consequência, desacreditam no produto porque estão, na verdade, fazendo mau uso dele - observa Caroline Matos.
- A nutricionista Bruna Murta destaca ainda a existência de pesquisas que indicam a possibilidade de o excesso do óleo de cártamo levar à resistência à insulina, problema que desencadeia o diabetes.