Pela primeira vez no mundo, os médicos vão ter um conjunto de normas para avaliar as condições de pessoas com deficiência física para a prática de esportes. A avaliação faz parte do documento Diretriz do Esporte e do Exercício - Avaliação Cardiológica e do Deficiente Físico, que vai ser apresentado durante o 68º Congresso Brasileiro de Cardiologia, que iniciou neste sábado, no Riocentro, zona oeste do Rio.
- Colocamos um item inédito, que é a avaliação dos paralímpicos. Como está crescendo a participação deles nas competições mundiais, fizemos questão de ter um capítulo de como preparar e avaliar um paralímpico - explicou o cardiologista e editor do documento, Nabil Ghorayeb, em entrevista à Agência Brasil.
Os estudos para a elaboração da Diretriz levaram quase três anos e contaram com a participação de 40 especialistas em cardiologia e medicina de esporte da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Segundo Ghorayeb, que também é professor de pós-graduação em cardiologia e medicina esportiva, foram convidadas pessoas que tinham convivência com coração de atletas, com esporte competitivo e com nível de intensidade de exercício.
A Diretriz é um documento, com atualizações em períodos de dois ou três anos, utilizado pelos médicos para orientar os profissionais de saúde sobre exames a serem solicitados para avaliação e acompanhamento da evolução de pacientes.
No caso das normas de avaliação dessa última Diretriz, o cardiologista informou que foram designados três subgrupos. O um foi de avaliação prévia para a participação em esportes, academias e lazer. Já o grupo dois foi focado nas principais doenças que matam nas atividades físicas ou que complicam a vida das pessoas ou pacientes quando fazem atividades físicas; e o terceiro foi para estudar os atletas paralímpicos.
Para o médico, com a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas deve aumentar o número de pessoas que vão buscar as atividades esportivas, por isso aumenta a importância da elaboração da Diretriz.
- Vai ser fácil seguir uma conduta uniforme. Antes, os médicos faziam os exames que achavam que deveriam ser feitos. Agora será uniformizado. E no próprio Congresso vamos discutir o documento e os que tiverem dúvidas poderão apresentar - acrescentou, informando que a revisão das normas para incluir os avanços na medicina será feita em 2015.
O diretor da Divisão Clínica do Laboratório de Pesquisa, Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Sérgio Timerman, diz que a preocupação é que muita gente, na busca por uma vida mais saudável, começa a fazer exercícios físicos sem procurar um especialista antes para uma avaliação médica.
- Procurar uma vida saudável significa procurar saber também se a pessoa está saudável para uma atividade física - afirma.
O médico alerta, também, para os casos de morte súbita que ocorrem durante a prática de exercícios sem uma avaliação preliminar das condições físicas da pessoa. Ele explica que nessa avaliação inicial pode-se detectar o risco ou não de essa pessoa fazer uma atividade que, em vez de melhorar a qualidade de vida, leve a uma morte súbita.
Timerman defende, ainda, que as academias façam sempre testes físicos na admissão de novos usuários. Segundo ele, existem locais facilitando a entrada de pessoas sem nenhuma análise, o que é um risco para a saúde do atleta.
Nova resolução
Cardiologistas definem normas para pessoas com deficiência na prática de esportes
Capítulo inédito, que faz parte da Diretriz do Esporte e do Exercício, alerta para como preparar e avaliar um paralímpico
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