A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) promove, na próxima semana, em sua página na internet, uma campanha de alerta para os riscos do tabagismo, com ênfase no fumante passivo.
Nesta quinta-feira, Dia Nacional de Combate ao Fumo, a SBC divulgará, em sua página de Prevenção, uma série de ações voltadas para crianças e adolescentes, chamando a atenção para o problema.
O objetivo da campanha é ratificar o que a entidade vem fazendo para conscientizar as pessoas da importância de parar de fumar e dos riscos deste hábito para o fumante passivo, sobretudo crianças e adolescentes, afirma o diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular da SBC, Carlos Alberto Machado.
- Na casa em que os pais fumam, o risco de os filhos fumarem é maior - alerta.
Segundo o médico, há cerca de três anos, a revista científica New England mostrou que, em uma casa onde há um fumante, os demais moradores têm 31% a mais de risco de sofrer um acidente vascular cerebral isquêmico do que uma pessoa que mora em um ambiente livre do tabaco.
Machado adverte para o agravamento dos problemas gerados pelo fumo, levando em conta o fato de a população brasileira estar envelhecendo e com expectativa de vida maior. Estima-se que, em 2050, teremos no Brasil perto de 100 milhões de pessoas com mais de 50 anos.
- Se não houver ações de prevenção de doenças e promoção de saúde agora, teremos uma população de idosos doentes. E não vai ter sistema de saúde, nem público, nem privado, que possa atender a essa demanda, nem se conseguirá pagar essa conta.
De acordo com o médico, as medidas restritivas que vêm sendo impostas ao hábito de fumar fazem com que a indústria do tabaco volte seu marketing para as crianças e os adolescentes.
Machado lembra, por exemplo, que nos bares e padarias, em geral, os pontos de venda de cigarros ficam situados nos caixas, perto dos locais onde estão as balas e os chocolates, muito procurados pelo público infantil. Por isso, as campanhas da SBC defendem que os cigarros fiquem escondidos e "não à vista das crianças".
Problema começa em casa
Pesquisa recente feita pela SBC na cidade de São Paulo com cerca de 3 mil alunos da rede pública de ensino, na faixa de 10 anos a 19 anos, mostrou que 10% deles fumam, influenciados pelo exemplo que têm em casa.
- As pessoas, hoje, estão começando a fumar cada vez mais cedo, por causa da pressão da indústria do tabaco - ressalta Machado.
O cardiologista alerta que, se o cigarro representa riscos para o fumante passivo adulto, no caso de crianças, o perigo é maior. Por isso, pais e professores não podem fumar na frente das crianças, para as quais são modelo de comportamento.
Segundo o médico, quando alguém fuma, inala mais de 4 mil substâncias, das quais as mais conhecidas são a nicotina e o monóxido de carbono. No caso de crianças, isso altera toda a parte imunológica, diminuindo as defesas e aumentando os riscos de pneumonia, bronquite, asma e infecções.
Além de provocar problemas de saúde, o fumo pesa no bolso do consumidor. Machado destaca que uma pessoa que fuma um maço de cigarros por dia, durante dez anos, gasta R$ 9 mil nesse período, dinheiro que poderia ter outra destinação.
O risco ainda é grande
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa, periodicamente, que os principais fatores de risco de morte são hipertensão, sedentarismo e tabagismo, um dado extremamente importante e preocupante.
De acordo com cartilha distribuída pela SBC, os danos causados pelo tabagismo a pessoas que não fumam atingem crianças com menos de cinco anos, em 40% dos casos. A cartilha foi distribuída em locais públicos, como unidades básicas de saúde e escolas, no Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, e está disponível no portal da entidade.