O uso de tabaco cresce fortemente nos países em desenvolvimento, onde a maior preocupação é o aumento do consumo entre as mulheres, advertiu um estudo publicado na edição desta sexta-feira da revista científica The Lancet.
A consulta foi realizada em 16 países onde vivem três bilhões de pessoas, entre eles o Brasil, e revelou que 48,6% dos homens e 11,3% das mulheres fazem uso do tabaco, principalmente nas nações menos desenvolvidas, onde cada vez mais meninas começam a fumar cedo e frequentemente na mesma idade que os meninos. Os dados coletados abarcaram os hábitos de consumo de tabaco entre pessoas com 15 anos ou mais em Brasil, Bangladesh, China, Egito, Índia, México, Filipinas, Tailândia, Turquia, Ucrânia e Vietnã, bem como Grã-Bretanha, Polônia, Rússia e Estados Unidos entre 2008 e 2010.
A consulta abrangeu usos diferenciados do tabaco, em pó, para fumar e mastigável, um carcinogênico oral que é especialmente popular na Índia, com 205 milhões de usuários. No topo da lista aparece a Rússia, onde 39,1% de todos os jovens com mais de 15 anos usaram tabaco, seguida de Turquia (31,2%), Polônia (30,3%), Filipinas (28,2%) e China (28,1%). Comparativamente, a prevalência na Grã-Bretanha foi de 21,7% e nos Estados Unidos, de 19,9%.
Segundo o estudo, liderado por Gary Givino, da Universidade de Buffalo, no estado de Nova York, as políticas para desencorajar ou restringir o tabagismo foram tímidas e fracassaram em muitos países. Em nações de baixa renda, para cada US$ 9.100 obtidos em impostos sobre o tabaco, apenas U$ 1 foi gasto no controle do tabagismo.
Atualmente, a proporção de mortes relacionadas ao tabagismo é maior nos países desenvolvidos, onde 18% dos óbitos são atribuídos ao uso do tabaco contra 11% em países de renda média e 4% naqueles de renda baixa. Mas as taxas de consumo de tabaco têm subido de forma constante nos países mais pobres e caído nos países ricos, o que provocará uma troca de posições, destacou o estudo. Se forem mantidas as tendências atuais, um bilhão de pessoas poderão morrer prematuramente devido ao tabagismo neste século, acrescentou o estudo, citando estimativas de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS).