Células-tronco embrionárias obtidas a partir de uma técnica desenvolvida por pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, já estão sendo aplicadas em seres humanos. Os primeiros resultados dos testes, visando à reconstrução do tecido que reveste a córnea, deverão ser anunciados no segundo semestre de 2013.
- Fora do país, há alguns estudos avançados. Porém, eles não chegaram à quantidade de células que a gente consegue obter. O grande achado do nosso trabalho é conseguir quantidades de células suficientes para aplicação em humanos - destaca o pesquisador do Instituto Butantan Nelson Lizier.
O estudo feito pelos pesquisadores do Laboratório de Genética do instituto levou à criação de uma técnica que permite obter grandes quantidades de células-tronco - capazes de gerar qualquer tecido do corpo humano - a partir do dente de leite.
- Essa nova tecnologia que nós conseguimos desenvolver permite que, de uma única polpa [de um dente de leite], a gente consiga tratar muitos pacientes, em torno de 100 por dia - destaca Lizier.
Os últimos testes feitos em animais mostraram que as células não levam a nenhum efeito colateral quando comparadas a biofármacos e a outras drogas.
Lesões na córnea
Um grupo de pacientes com lesões na córnea está recebendo as células-tronco como parte do experimento, mas os resultados só poderão ser divulgados após o encerramento dos testes. De acordo com o pesquisador, foram feitas cirurgias com esse recurso em dois pacientes, dentro do Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), responsável pela parte cirúrgica.
Além da córnea, os pesquisadores já têm pesquisas sobre a aplicação das células-tronco embrionárias em outras áreas, como para regeneração de retina, arteriosclerose, doenças cardíacas, regeneração óssea, de cartilagem, e implantes dentários.
Os estudos sobre células-tronco obtidas a partir de dentes de leite começaram a ser feitos no Butantan em 2004. Com essa técnica, os embriões não são mais necessários para a criação das células-tronco. Assim, é possível produzir do próprio organismo do paciente uma célula igual à embrionária.