Um fotoprotetor que tem ação antioxidante e apresenta a substância natural rutina em sua formação é pesquisado por professores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP). A rutina é encontrada em árvores de pequeno e médio porte nas regiões brasileiras do cerrado e da caatinga. A substância também está presente na cebola, na uva e no vinho tinto.
A rutina é um flavonoide, tradicionalmente utilizado como antioxidante e vasoprotetor, que eleva o tônus venoso e reduz a impermeabilidade capilar e a formação de edemas. Também atua na prevenção dos danos causados pela radiação ultravioleta.
O estudo com o fotoprotetor começou em janeiro de 2008, após a conclusão do doutorado do professor André Baby, do Laboratório de Cosmetologia do Departamento de Farmácia da USP, orientado pela professora Maria Valéria Robles Velasco. No doutorado, o estudo avaliou a permeabilidade da rutina na pele em emulsões cosméticas.
Os resultados da pesquisa indicam que o flavonoide teve a tendência de não penetrar o estrato córneo da epiderme, mantendo-se na superfície da pele. Isso levou os pesquisadores a usar a rutina como adjuvante dos sistemas de protetores solares, pois apresenta estrutura química semelhante à dos filtros do mercado, e tende a não ser absorvido pela pele.
De acordo com o professor Baby, as propriedades da rutina identificadas em laboratório contribuíram fortemente para sua aplicação em protetores solares denominados protetores fotoativos, com vantagens significativas no desempenho do produto. Para a professora Maria Valéria, as pesquisas que envolvem o desenvolvimento e a análise dos fotoprotetores bioativos estão em harmonia com a tendência mundial da utilização de substâncias de origem natural em produtos cosméticos.
A etapa atual da pesquisa está sendo direcionada para a associação do flavonoide com os filtros solares tradicionais, como o p-metoxicinamato de metila, a benzofenona-3, o octocrileno e avobenzona, entre outros. Os principais resultados do trabalho foram obtidos por ensaios in vitro, realizados em laboratório. Entre os diversos desdobramentos, a determinação da eficácia em seres humanos é o próximo passo da pesquisa.