A audição prejudicada, além de dificultar a compreensão da fala, pode causar diversos outros problemas na vida do idoso. De acordo com o médico otorrinolaringologista Celso Dall’igna, cooperado da Unimed Porto Alegre, como consequência destas dificuldades, a pessoa se afasta e evita o convívio social, podendo apresentar até sintomas de depressão devido ao isolamento.
— Estudos relacionam a presbiacusia (perda de audição relacionada à idade) não tratada com a piora em processos cognitivos de doenças como o Alzheimer — ressalta.
O problema de audição é muito comum na sociedade. Dados divulgados em 2023 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, na região da Américas, cerca de 217 milhões de pessoas vivem com perda auditiva, ou seja, 21,52% da população. Até 2050, é estimado que esse número suba para 322 milhões.
Para isso, o médico ressalta que é importante que familiares e cuidadores estejam atentos aos primeiros sinais do problema. Os indicativos podem surgir em diversas situações: quando o idoso pedir para repetir frases, aumentar o volume da TV ou sentir desconforto em ambiente ruidoso.
A recomendação é levar o idoso para uma consulta médica e realizar uma avaliação. Como a perda de audição pela idade tem um padrão hereditário, tanto seu início como a velocidade de sua progressão já estão determinadas, não sendo possível ser revertida.
Dall’igna alerta quanto à exposição a ruídos intensos. A perda da audição pode depender da sensibilidade individual, do volume e do tempo de exposição. Os danos provocados pelo trabalho em ambientes ruidosos, pelo uso de fones de ouvido em volumes muito altos e pela exposição a armas de fogo e explosivos podem ser minimizados com medidas específicas para cada situação, como usar abafadores sonoros individuais, por exemplo.
O médico reforça que é importante controlar e tratar outras doenças que também causam a perda auditiva, como hipertensão arterial, diabetes e infecções, para evitar que a condição se agrave.
— O acompanhamento médico individualizado e a realização de exames periódicos (avaliação de audiometria) são imprescindíveis — pontua.
Soluções
Por mais que não seja possível reverter a perda auditiva na maioria dos casos, o tratamento consiste em utilizar a audição restante com o uso de aparelhos de amplificação sonora (aparelho de ouvido). Em algumas situações, são indicadas as próteses implantadas cirurgicamente e o implante coclear (quando as perdas são profundas, de grande intensidade).
No caso da presbiacusia, o uso de aparelhos auditivos de amplificação é o mais indicado. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será a adaptação.
Assim como todas as tecnologias, os aparelhos auditivos também passam por evoluções. Dall’igna destaca que a tendência é de que aconteça a miniaturização, ou seja, os dispositivos tendem a ser cada vez menores. Atualmente, essas tecnologias possuem uma vida útil de cinco a sete anos. A maioria já tem, por exemplo, conexão com aparelhos celulares, seja para a regulagem dos controles, realização de chamadas e conexão ao Spotify ou outros programas disponíveis na internet.
O médico sinaliza outras inovações: os microfones direcionais, que melhoram o desempenho no ambiente ruidoso, e as baterias recarregáveis, que facilitam o manuseio e diminuem os gastos de manutenção.
— Além disso, os fones de ouvido por condução óssea permitem que a orelha fique livre durante o uso, diminuindo o isolamento. Podem ser usados em esportes como a natação — esclarece.
No entanto, o principal empecilho é o valor destes equipamentos. De acordo com o especialista, os fabricantes alegam que o preço alto é devido ao grande investimento empregado no desenvolvimento para proporcionar aparelhos cada vez mais eficientes e confortáveis. Os preços variam de R$ 3 a 15 mil por aparelho (cada um), dependendo da sofisticação e da conectividade do modelo escolhido.
Ele ressalta que os aparelhos auditivos devem ser usados somente após uma avaliação médica especializada e adaptados por uma fonoaudióloga com equipamento adequado. Para isso, é realizado um teste na cabine audiométrica. Após este procedimento, é realizada uma regulagem específica da tecnologia para o paciente.
Novidade
Nos Estados Unidos, o AirPods Pro 2, da Apple, recebeu autorização da Food and Drug Administration (FDA) - órgão responsável pela proteção e promoção da saúde pública nos Estados Unidos - para ser usado como aparelho auditivo. Auxiliaria pessoas com perda auditiva leve a moderada. O médico otorrinolaringologista Celso Dall’igna atenta para a falta de informações sobre a eficácia do equipamento.
* Produção: Padrinho Conteúdo