A decisão do governo federal sobre o retorno horário de verão tem reflexos na vida de todos os brasileiros. O adiantamento dos relógios em uma hora divide opiniões, principalmente pela alteração nos horários para dormir e acordar.
A possível volta do horário de verão surge como uma estratégia para otimizar o uso de energia solar. Especialistas em saúde orientam que as pessoas observem como a mudança pode afetar a qualidade do sono.
As mudanças no corpo podem ser grandes, especialmente para aqueles indivíduos designados como matutinos ou vespertinos.
Grupos vulneráveis e adaptação
Segundo a neurologista Aline Vieira Scarlatelli Lima Bardini, professora de Medicina na UniSul/Inspirali e especialista em Medicina do Sono, a mudança pode afetar a qualidade do sono, especialmente nos primeiros dias de adaptação:
— A perda de uma hora de sono pode gerar sonolência diurna, irritabilidade e mau humor em pessoas mais sensíveis à mudança.
Ela ressalta que, embora a maioria das pessoas consiga se ajustar ao novo horário após alguns dias, os efeitos podem ser mais acentuados para quem tem maior sensibilidade ao sono. No entanto, a médica destaca que, por ser uma alteração temporária, dificilmente haverá prejuízos a longo prazo se o ritmo do sono for ajustado de forma adequada. Grupos específicos, como crianças, adolescentes e idosos, tendem a sentir mais os efeitos dessa alteração.
— Os extremos da vida são os que mais sofrem com mudanças no ritmo circadiano. Nessas fases, o impacto no sono tende a ser maior — afirma a especialista.
Cuidados com a saúde do sono
Aline Bardini reforça que prestar atenção à qualidade do sono é um cuidado que deve ser observado não só no horário de verão. Segundo ela, a perda de uma hora de sono, persistente e de forma crônica, ou seja, ao longo de anos, pode resultar na síndrome do sono insuficiente — mais conhecida como privação de sono. Nesse caso, ocasionando problemas a longo prazo.
Dormir menos não significa ser mais produtivo. Ao contrário, no decorrer do tempo, pode gerar danos irreversíveis, detalha a médica:
— Dormir não é perda de tempo, mas, sim, ganho de qualidade de vida. Quem dorme menos que o necessário pode ter perda de memória e tendência a desenvolver doenças crônicas como diabete e hipertensão. Além disso, a taxa de mortalidade é maior em indivíduos que dormem menos do que o necessário.
Higiene do sono
Para amenizar os efeitos do horário de verão no organismo, a neurologista recomenda algumas práticas importantes de higiene do sono. Entre as principais orientações, estão:
- Evitar a exposição a telas (celulares, computadores, TVs) próximo ao horário de dormir
- Reduzir o consumo de cafeína no final do dia
- Evitar atividades estimulantes à noite
- Expor-se à luz natural, especialmente na primeira hora após acordar
- Praticar atividades físicas regularmente
Essas medidas podem ajudar a minimizar o impacto da mudança de horário no ciclo circadiano e acelerar a adaptação ao novo ritmo.