Manchas avermelhadas e coceira são alguns dos sintomas finais da dengue, quando a doença está quase deixando o organismo. O quadro decorre de uma substância produzida pelo corpo e que atua no sistema imunológico, regulando as reações químicas no combate a alergias e inflamações: a histamina.
Cezar Riche, infectologista do Hospital Mãe de Deus, explica que no ciclo final da dengue no organismo, o corpo libera “mediadores inflamatórios” para eliminar o vírus, o que ocasiona irritação nas terminações nervosas e no tecido cutâneo. Este processo resulta na coceira.
— Quando já está começando o processo de eliminação do vírus, mas ainda tem uma cascata inflamatória que é muito importante na dengue, esse efeito dos anticorpos ainda inflamando o corpo, vai levar a essa liberação de citocinas — explica.
Infectologista do Hospital Moinhos de Vento e pesquisador do Centro de Pesquisa da instituição, Paulo Gewehr ressalta que é o vírus da dengue o responsável por induzir o nosso organismo a liberar as substâncias. No entanto, ainda não se sabe o que leva o corpo a este comportamento. Apesar de característico da doença, o sintoma não é registrado em todos os casos.
— A histamina é uma substância que causa bastante coceira. Não se sabem bem ao certo o motivo, mas o vírus, nesta fase final, faz com que as células do sistema imunológico liberem essa substância. Não são todos os vírus que causam isso — diz.
A coceira e as manchas avermelhadas tendem a durar entre 36 e 48 horas, na maioria dos casos. O incômodo costuma ser mais característico na palma das mãos, na sola dos pés e no rosto, mas pode apresentar quadros nos membros e região do tronco.
Como aliviar a coceira?
Geweher salienta que o paciente deve evitar coçar e tocar nas regiões de incômodo. De acordo com o infectologista, o uso de antialérgicos do tipo anti-histamínicos, como loratadina, por exemplo, pode auxiliar a aliviar a região. Ele também orienta o uso de compressas umedecidas para amenizar o sintoma.
— Tomar banhos com a menor temperatura possível, mornos ou gelados, pode ajudar. Também pode utilizar compressas frias, pegar uma toalha, por exemplo, umedecer em água fria ou utilizar uma bolsa de gelo, envolver em um pano para não ter contato direto com a pele e causar queimadura. Deixar por alguns minutos, alivia — orienta.
Riche reforça que o paciente não deve coçar as áreas afetas para evitar alguma lesão ou trauma cutâneo. Conforme o infectologista, além do uso de anti-histamínicos e compressas umedecidas em água fria, hidratantes corporais também podem auxiliar no alívio da coceira.
— Uma pele mais hidratada vai estar menos sujeita à coceira — salienta.
Ambos os especialistas destacam que não há indicação de aumento no fator de risco para pessoas com alguma doença de pele, como vitiligo e rosácea. O surgimento e a intensidade da coceira estão atrelados à resposta imunológica que o organismo dá ao receber o vírus da dengue.
*Produção: Lucas de Oliveira