Disponíveis na rede privada do RS, os testes rápidos para detecção de dengue não serão comprados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) para oferta na rede pública. O Ministério da Saúde (MS) recomenda o uso do exame.
Conforme o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), até o momento, a compra está descartada por questões técnicas, embora a SES assegure que vai destinar testes rápidos eventualmente distribuídos pelo MS.
De acordo com a diretora do CEVS, Tani Ranieri, o exame é considerado apenas um teste de triagem. Ela também explica que a confirmação laboratorial do caso não é decisória para a classificação do estágio da doença e nem para o manejo clínico do caso de dengue.
A gestora também argumenta que, se colocados na rede estadual, os testes rápidos podem levar alguns profissionais e pacientes a negligenciarem as manifestações clínicas, causando risco. Tani acrescenta que o teste rápido não é considerado decisório, como um hemograma.
— Indo numa Unidade de Saúde, com a avaliação médica, com o manejo clínico, o médico pode dar a certeza para o paciente, se ele estiver com dengue. Se ele (o paciente) estiver num quadro de desidratação, com perda de hematoxia, aumento de plaquetas, dificilmente uma outra patologia vai ser identificada pela anamnese clínica do caso. Então, não precisa ter o diagnóstico de laboratório. Eu entendo que todo mundo tem essa vontade (de ter o diagnóstico), mas nós estamos trabalhando aqui com a questão de saúde pública — pontua Ranieri.
Atualmente, os casos de dengue são classificados em quatro estágios:
- A - sintomas leves
- B - pessoas com sintomas, atrelados a algum fator de risco associado
- C - classificação B, com possibilidade de rápida evolução do quadro da doença
- D - outras alterações no organismo, que requerem hospitalização
O exame de hemograma é realizado em casos a partir do estágio C.
Apesar de descartar, no momento, a compra dos testes rápidos, a SES recomenda o uso por parte de municípios que desejarem adquirir estoques, conforme a necessidade. Recentemente, o governo do Estado destinou R$ 13,8 milhões a todas as cidades gaúchas a fim de implementar e reforçar ações de vigilância e assistência no combate à dengue e outras arboviroses.
Exame de hemograma
O hemograma utilizado para identificar casos de dengue, segundo a orientação da SES, é um exame padrão semelhante ao realizado na investigação de outras doenças. Conforme o médico infectologista da Santa Casa, Cezar Riche, a técnica é a mesma, mas existem achados no hemograma do paciente com dengue que aumentam a suspeita da doença.
— O hemograma do paciente com dengue tem alterações sugestivas, que auxiliam o médico a pensar em dengue. Essas alterações também guiam para a gravidade da doença — explica Riche.
Apesar da eficácia do exame, o médico acredita que o teste rápido e o hemograma são complementares.
— Os dois são importantes. O teste rápido não descarta a doença. Sabemos que ele tem uma limitação, capacidade de 60% a 70%, mas ele é um grande auxílio, além de ser muito rápido. Então, o paciente chega na emergência e já consegue sair com o diagnóstico e o médico faz todo o plano terapêutico a partir daí — destaca o médico.
Nova morte por dengue no RS
Na tarde desta quarta-feira (13), mais uma morte por dengue foi registrada no Rio Grande do Sul. Segundo a CEVS, a vítima era uma indígena, gestante, de 39 anos. Ela morava em Tenente Portela, no noroeste gaúcho, e tinha comorbidades. Com esse caso, o RS passa a ter 21 óbitos pela doença em 2024.