A ex-participante do programa Big Brother Brasil 2024, Vanessa Lopes, chamou a atenção no programa com crises recorrentes de choro e conversas sobre teorias da conspiração. A influencer chegou a receber atendimento psicológico durante o confinamento, mas acabou desistindo e saiu da atração. Ao iniciar tratamento psiquiátrico, descobriu que teve um quadro psicótico agudo.
Segundo a psicóloga e especialista em Psicologia Clínica, Vanessa Gebrim, o quadro psicótico agudo se caracteriza pela ocorrência de sintomas como ideias delirantes, perturbação das percepções e por uma desorganização do comportamento.
— São comuns sintomas como desorganização do pensamento, alterações na percepção da realidade — explica a especialista.
Brasiliense criada em Recife, Pernambuco, Vanessa Lopes, 22 anos, tem mais de 30 milhões de seguidores nas redes sociais. Nas plataformas, compartilha coreografias e mostra seu cotidiano. Mas, no programa, exposta 24 horas por dia, o estresse e a ansiedade afetaram seu comportamento, como contou ao Fantástico, no último domingo (18).
— É como se a minha mente rompesse com a realidade. É como se eu já não entendesse mais o que é a imaginação da minha cabeça e o que é real. Isso aconteceu pelo medo do que acontecia dentro e fora no programa — revelou na atração dominical da Rede Globo.
O quadro, de acordo com Vanessa Gebrim, pode acontecer em pessoas que sofrem com estresse exagerado e também é comum em diagnósticos de esquizofrenia, transtorno bipolar e transtornos de humor.
— Existem casos pontuais, que ocorrem em momentos muito extremos e distintos de tudo o que a pessoa já viveu antes, mas são raros. É o que chamamos de crise dissociativa, em que o estresse grave e pontual leva a uma desconexão com a realidade — pontua a especialista.
Para a psicóloga Munique Brandão, qualquer pessoa está sujeita ao quadro, mas é mais comum em pessoas que têm um histórico genético na família.
— Mas se você estiver diante de uma grande medicação, um tratamento de uma doença muito grave, que precisa de medicação muito forte, pode simular quadros psicóticos controlados — alerta Munique.
De acordo com a médica psiquiatra Daniela Poester, um quadro psicótico agudo é caracterizado por uma quebra no juízo de realidade de aparecimento repentino, com duração de até um mês.
— Pode se manifestar com, pelo menos, um destes sintomas, delírios, alucinações, discurso desorganizado ou comportamento grosseiramente desorganizado com eventual retorno completo a um nível de funcionamento pré-crise — explica a diretora de Divulgação da Associação de Psiquiatria do RS.
Nem sempre a causa do transtorno psicótico agudo se dá como consequência de um transtorno mental, segundo Daniela.
— Podem ter outras causas como o abuso de substâncias, abuso de medicamentos ou outras doenças associadas como doenças neurológicas apenas para citar uma.
Tem tratamento?
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), esses transtornos se curam completamente em poucos meses ou, até mesmo, em semanas ou dias. Mesmo assim, porém, o tratamento será contínuo.
Vanessa Gebrim diz que é fundamental fazer o acompanhamento com um psiquiatra:
— A ausência de tratamento contínuo pode piorar a saúde geral do indivíduo. Além da medicação, a psicoterapia também atua na melhora da qualidade de vida dessa pessoa, que sempre vai precisar de apoio e acolhimento para que seus sintomas não sejam agravados.
O tratamento é feito com o uso de medicamentos antipsicóticos associados à psicoterapia, segundo Munique. Ela destaca, ainda, a necessidade de diferenciar quadro psicótico de transtorno psicótico.
— Romper da realidade, me parece mais um transtorno. Após a pandemia, os transtornos ficaram muito mais severos. Foi um período em que nós nos privamos de muita coisa. O medo da morte, ficamos num estresse profundo, luta ou fuga. Isso favoreceu quadros mais graves e por isso estamos vendo patologias mais graves aparecendo. Então, é muito importante a gente diferenciar — complementa a psicóloga.
Para a psiquiatra Daniela Poester, se a causa for exclusivamente decorrência de um transtorno mental, o tratamento deverá contemplar a patologia identificada.
— Se for secundário ao abuso de alguma substância ou outros medicamentos, esses agentes causadores devem ser retirados. Às vezes, apenas a suspensão desse agente não é o bastante e a associação com medicação específica se faz necessária. O tratamento também deve contemplar outras técnicas não medicamentosas como a psicoterapia — conclui a especialista.