Euforia generalizada ocupou os corredores e a sala de recreação do 10º andar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) na manhã desta sexta-feira (22) quando voluntários vestidos como Papai Noel e duendes apareceram do lado de fora das janelas. Pequenas mãos acenavam e tocavam o vidro para dar boas-vindas aos alpinistas que desciam de rapel o prédio da instituição, por volta das 10h20min. Logo depois, os ilustres visitantes circularam pelas áreas pediátricas, entregando presentes para 200 crianças internadas, de diferentes idades.
Ana Cláudia Casagrande, 30 anos, e Cristiano Reis, 34, acompanharam a ação ao lado do filho Gonçalo, de um ano. Para a família, o momento foi ainda mais especial, já que foi a terceira vez que puderam sair da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o nascimento do menino, em 19 de dezembro de 2022.
De acordo com o pai, Gonçalo tem uma doença rara chamada síndrome de Jeune — ou distrofia torácica asfixiante —, que faz com que enfrente uma dificuldade imensa para respirar e precise estar conectado sempre a uma máquina de oxigênio. O menino já passou por cinco intervenções cirúrgicas e deve fazer mais um procedimento no início de 2024.
— Para nós, é um passo gigantesco, se pensar em toda a dificuldade que tivemos, todo o sofrimento desde o diagnóstico, no parto e na internação. Por isso, o sentimento é de muita felicidade e muita gratidão tanto pela equipe do hospital, quanto pela equipe do pessoal do alpinismo que fez toda essa apresentação, que foi linda. Não tem como a gente mensurar nossa alegria e emoção — afirma Cristiano.
A mãe destaca que, no Natal anterior, Gonçalo tinha apenas seis dias de vida e já estava na UTI, por isso, não foi possível ter muito contato com o filho. O casal morava em Lajeado até o nascimento do bebê, mas precisou se mudar para Porto Alegre por causa da internação e recebe visitas esporádicas de outros familiares — alguns ainda nem conhecem Gonçalo pessoalmente.
— Poder estar com ele no colo neste ano, ver ele vendo o Papai Noel e podendo ir para fora com as outras crianças, é uma alegria enorme. Não tenho nem palavras para expressar tudo o que estamos sentindo neste momento. É um ato lindo e, realmente, Natal é amor e família. E, para as pessoas que estão aqui internadas há muito tempo, como nós, é aconchegante. Nos sentimos abraçados, porque vivemos aqui e eles (funcionários do hospital) são a nossa família — destaca a mãe Ana Cláudia.
Pedro Lorenzo da Silva Bertolo, 10 anos, acompanhou a descida do Papai Noel bem próximo à janela, junto com a mãe, Clésia Marilhane Fogaça da Silva, 35. O menino, que já passou por um transplante de fígado e frequenta o hospital desde que nasceu, também tirou fotos com o bom velhinho.
— Achamos muito importantes essas ações que o Clínicas sempre faz, porque para eles é uma felicidade, vemos aquele brilho no olhar deles. E para nós também é, porque é como um respiro, nos dá uma energia. O Pedro adora — avalia Clésia.
"Gratificante"
A ação foi realizada a partir de uma parceria com o Shopping Praia de Belas, que ofereceu os presentes, e com a M.A. Alpinismo Industrial, que disponibilizou os profissionais.
Everton Alexandro de Oliveira, um dos voluntários que se vestiu de Papai Noel, conta que é a segunda vez que participa desse tipo de ação no HCPA — no Dia das Crianças, em outubro, super-heróis desceram pelo prédio.
— Eu acho muito gratificante. Na verdade, não tem valor que pague a gente poder proporcionar para essas crianças que estão internadas um momento de alegria. Não tem como descrever o sentimento, porque a emoção toma conta do coração ao ver que naquele momento elas estão esquecendo a dor delas e tendo um momento de alegria. Mesmo sendo um personagem, a gente fica muito feliz com isso — comenta Oliveira.
A diretora-presidente do HCPA, Nadine Clausell, aponta que, além de trazer uma mensagem de alegria e de esperança para as crianças e suas famílias, a ação também une as equipes em um propósito de acolhimento. Ela descreve o momento como algo mágico:
— Foi um momento muito bonito, no qual acho que todos nós voltamos um pouco a ser criança. Acho que tem um significado bom para as equipes, de espírito de fraternidade e de olhar com esperança.