Em Nova York, cirurgiões anunciaram, nesta quinta-feira (9), o primeiro transplante de olho inteiro em um ser humano no mundo, realizado há seis meses. Antes disso, a medicina só havia feito transplantes de córnea, a camada transparente na parte frontal do olho.
O paciente é Aaron James, um veterano militar, de 46 anos, que sobreviveu a um acidente elétrico de alta tensão no trabalho. Ele tocou em um cabo eletrificado. O morador do Estado de Arkansas teve o lado esquerdo do rosto, o nariz, a boca e o olho esquerdo destruídos, além de perder o braço esquerdo acima do cotovelo, os dentes da frente e o queixo até o osso.
A colocação do olho fez parte de um transplante parcial de face e, segundo a equipe médica, a escolha de incluir o globo ocular foi motivada por razões estéticas.
Desde a cirurgia, realizada em 27 de maio e com duração de 21 horas de procedimento, o olho transplantado mostrou diversos sinais importantes de saúde, como vasos sanguíneos funcionais e uma retina de aparência promissora, destacou a equipe cirúrgica da NYU Langone Health, liderada pelo médico Eduardo Rodriguez.
Por enquanto, o olho enxertado não se comunica com o cérebro via nervo óptico - ou seja, Aaron não enxerga com o olho esquerdo. Os médicos explicam que, mesmo sem a recuperação da visão, conseguir realizar a operação técnica e fazer com que o órgão sobreviva ainda é um avanço significativo.
Outras equipes estão trabalhando para desenvolver diferentes formas de ligar nervos do cérebro a olhos cegos, como com a inserção de eletrodos. O trabalho em conjunto com equipes ao redor do mundo pode contribuir para a evolução do procedimento.
— Se pudermos trabalhar com outros cientistas que estão trabalhando em outros métodos para restaurar a visão ou restaurar imagens do córtex visual, acho que estaremos um passo mais perto — pensa Rodriguez.
James sabia que talvez não recuperasse a visão do olho transplantado, mas entendeu que a medicina poderia aprender com o seu caso. Já o médico afirma, porém, que não se pode ter certeza de como ficará as condições oculares do paciente no futuro.