Ante a suspeita de especialistas de que o Brasil vive nova onda de casos de covid-19, o Rio Grande do Sul ainda não tem registro oficial da Éris, subvariante da Ômicron que, recentemente, causou nova onda de casos em mais de 50 países. Para se prevenir, este é o momento para a população atualizar o calendário vacinal, reforça a Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS).
Dados do Ministério da Saúde e do governo do Estado indicam tendência de estabilidade na covid-19 a nível nacional e em solo gaúcho. Farmácias não receberam aumento na procura por testes de covid-19, informou a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) a GZH.
Estatísticas do Ministério da Saúde analisadas pela reportagem mostram estabilidade no número de casos e de óbitos no Brasil e no Rio Grande do Sul. Na semana passada, foram registradas 11 mortes no Estado, ante 35 na semana anterior.
Todavia, mais pessoas testaram positivo para covid-19 em agosto em laboratórios privados do Brasil, mostra análise do Instituto Todos pela Saúde (ITpS). A taxa de positividade dos testes dobrou em relação a julho, passando de 7% para 15,3%.
Ainda a nível nacional, a maior proporção de resultados positivos é nas faixas etárias de 49 a 59 anos (21,4%) e acima de 80 anos (20,9%). As análises foram feitas em mais de 1,1 milhão de diagnósticos entre agosto de 2022 e 2023 pelos laboratórios Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin — não há dados do Rio Grande do Sul.
Cresce a suspeita de iminente nova onda de casos de covid-19 após confirmação da presença da subvariante Éris no Brasil em 17 de agosto, em São Paulo. Também há casos confirmados no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Outros países registraram aumento de casos, mas a alta cobertura vacinal impediu crescimento de hospitalizações e de mortes.
A Éris possui mutações que elevam a capacidade de transmissão e de escape imune, o que favorece uma nova onda de casos. Apesar disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a subvariaente como de baixo risco para a saúde pública a nível global, já que não deve causar mais mortalidades, graças à cobertura vacinal.
— Não temos registro da variante Éris ainda, mas a vigilância genômica do Rio Grande do Sul é uma das mais robustas do país. Estamos com estabilidade no número de casos, mas este é o momento para a população atualizar o calendário vacinal — afirma Tani Ranieri, chefe da Vigilância em Saúde do governo do Estado.
Até esta sexta-feira (1º), 2,1 milhões de gaúchos estavam com a quarta dose atrasada, mostram dados da SES-RS. Quase 3 milhões de pessoas sequer tomaram a terceira dose, quase um quarto da população gaúcha.
Para o virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Rio Grande do Sul está no escuro e não há como saber se há nova onda de coronavírus.
— Não temos notíicia da variante Éris, mas é difícil fazer afirmação porque o número de amostras é baixo. Estamos com dificuldade de mensurar dados, então é difícil mensurar se há impacto ou não. Mas não temos aumento de demanda de diagnóstico. Sem dados adequados e sem acesso às amostras, é difícil ter acompanhamento adequado — diz Spilki.
Tani Ranieri, porta-voz da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul, afirma que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alterou as instruções para resposta ao coronavírus, mas que o Estado ainda tem estratégias para acompanhar possível aumento.
— Temos unidades sentinela de testagem e algumas populações, como idosos e gestantes, frequentam mais postos de saúde e são testadas. Também acompanhamos eventuais surtos no Estado. Se houver reversão de tendência, teremos conhecimento. A estratégia agora para enfrentar a covid-19 é atualizar o calendário vacinal — diz.